Quem leu a entrevista com o americano Michael Pollan, na revista Veja.do dia 30 de abril de 2008 pode ter ficado com dúvidas sobre a ciência da Nutrição. Este autor escreveu um dos livros mais vendidos que fala sobre alimentação e nutrição, e relata ser radical em sua aversão aos “exageros” da nutrição.
Ao analisarmos as respostas de Michael Pollan, podemos verificar que, na verdade, todas suas críticas são contra o modo de vida ocidental, no que diz respeito à utilização de alimentos industrializados que tentam vender saúde como sem colesterol ou com fibras. Mas a Nutrição não segue apenas estes conceitos! Assim como o autor, a Nutrição Funcional busca uma alimentação similar à praticada pelos nossos antepassados, rica em verduras, legumes, frutas, cereais integrais e orgânicos.
Quando ele afirma que não deveríamos nos pautar unicamente por conselhos de nutricionistas, traz uma grande preocupação em relação ao futuro da saúde da população. Os nutricionistas têm consciência que não é possível seguir “à risca” essa alimentação mais antiga, pois sabemos de todas as questões sociais, religiosas e emocionais que estão ligadas à alimentação. Mas a maioria das pessoas não escolhe os alimentos pela qualidade nutricional, e sim pelos alimentos que mais agradam o paladar, mesmo sabendo que não é a melhor opção. E é exatamente por isso que temos tantas doenças crônicas afetando a nossa população!! As pessoas já têm muito conhecimento sobre alimentação saudável, mas isso não significa que estas colocam estes conceitos na prática e nem que são capazes de fazer suas escolhas alimentares saudáveis sem ajuda de um profissional capacitado. Caso isso fosse real, não estaríamos observando o aumento em escala exponencial da incidência de várias doenças crônicas, inclusive em crianças, que estão associadas aos maus hábitos alimentares. Portanto, é dever do nutricionista orientar e conscientizar a população para cativar o maior número de pessoas à aderir a uma alimentação individual e equilibrada.
O autor cita exemplos contraditórios em relação a muitos aspectos da alimentação, que não são seguidos pela Nutrição. A Nutrição fala em equilíbrio, relação entre nutrientes, individualidade bioquímica, ou seja, não existem alimentos que podemos rotular apenas como “bons” ou “ruins”, pois o que pode ser benéfico para uma pessoa, pode não ser para outra. A industrialização e o fácil acesso aos produtos saborosos e práticos é que fez com que os hábitos fossem perdidos, e não a Ciência da Nutrição.
Existe a dificuldade em estabelecer consensos entre os estudos científicos na Nutrição, mas também em diversas áreas, pois diariamente são encontrados novos achados, novas informações, pois estamos em constante evolução, e isso em hipótese alguma deve ser visto com maus olhos. A evolução do conhecimento e da sociedade depende disso, precisamos de confronto de informações mesmo para que possamos aumentar os nossos conhecimentos. Pois se a cada dia percebemos como antigamente nos alimentávamos melhor, não significa que a ciência seja ruim por ter descoberto isso, pelo contrário, se descobrimos isso, temos que fazer o esforço de recuperarmos certos hábitos e não criticarmos os estudos que descobriram isso.
O autor também relata que a maioria das pessoas não estão doentes, logo, não precisariam se preocupar tanto com escolhas de alimentos. Mas segundo o maior órgão de saúde, a OMS (Organização Mundial de Saúde), classifica a saúde como um estado que vai além da ausência de doenças, e sim o estado de bem estar físico, mental, emocional e até espiritual. Quem não tem uma dor de cabeça, TPM, intestino preso, hiperatividade física ou mental, rinite, sinusite, irritabilidade, azia, má digestão, fraqueza, cansaço, câimbras, entre inúmeros outros sintomas? É difícil encontrarmos pessoas que não precisam se preocupar com a saúde. Obviamente, não queremos ninguém fanático pela nutrição ideal, mas a escolha de alimentos mais saudáveis deve ser sim consciente num primeiro momento até que se torne um hábito, e assim, hábitos saudáveis terão sido recuperados ou aprendidos e esta preocupação não será mais necessária, pois escolhas saudáveis vão ser feitas sem ser percebidas.
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