quarta-feira, fevereiro 29, 2012

DIETAS DA MODA - "DIETA DA PROTEÍNA "

            

Muitas pessoas acham chique dizer que está em dieta... Mas até que ponto essa obsessão por dieta não prejudica nossa saúde??? E quando digo saúde, não me refiro somente a saúde física, mas também a nossa saúde mental!


É só irmos em uma banca de revista que podemos observar um grande número de revistas que nos vendem grandes SONHOS! "Emagreça 5kg com a dieta da Lua" - "O poder do Abacate" - "Perdi 20kg sem exercício físico" - "Dieta da Estrelas" - "Dieta da barriga chapada".. e por aí vão tantas ilusões... e nós, muitas vezes desiludidos de nosso próprio corpo, aceitamos essas propostas... seguindo por um tempo e acabamos nos frustando...

Devemos estar sempre muito atentas a essas propagandas, pois a maioria delas são enganosas... Até podemos perder algum peso seguindo uma dieta assim, mas com certeza, em pouco tempo retomamos o peso perdido, e às vezes, para piorar, vem o efeito rebote.. engordamos mais do que perdemos!!! Será que vale a apena?? Não é de hoje que são publicadas informações sobre as dietas de emagrecimento. É um tema largamente abordado e presente em reportagens sobre estética, emagrecimento, saúde, propagandas de produtos, entre outros. E na maioria dos casos, elas compartilham uma característica clássica: são MILAGROSAS! Apresentam a idéia de que é possível perder peso de uma forma incrivelmente rápida.
 
 

Estranho pensar que ao mesmo tempo em que são divulgadas diversas reportagens sobre emagrecimento e cardápios, a porcentagem de obesidade bem como de doenças crônicas não transmissíveis vem aumentando cada vez mais. A qualidade e aplicabilidade destas informações ficam, assim, questionáveis.

Outro ponto comum, apesar de incorreto, é a questão de troca de dieta entre as pessoas. Apesar de compartilharmos todos da mesma informação sobre o número de células, somos seres individuais, ou seja, diferentes uns dos outros. A forma como o organismo de uma pessoa se comporta ou responde a um tratamento é sempre única. Seria possível então o conceito de uma mesma dieta ser boa para todas as pessoas? Pode uma dieta generalizada atender à especificidade das pessoas? É necessário ser levado em conta a questão da individualidade bioquímica.


Por fim conscientizar os indivíduos sobre a maior importância da saúde em relação à estética, devido ao grande apelo estético visto atualmente, é ponto fundamental. Estudo sobre nutrição conclui: “há necessidade de reflexão acerca da valorização desse ideal de beleza veiculado pela mídia e sua influência nas práticas alimentares, que pode levar à instalação de transtornos do comportamento alimentar”.

Não existem dietas milagrosas. A não ser que o esforço necessário em um tratamento supervisionado de emagrecimento de forma saudável seja considerado um milagre.



VAMOS OBSERVAR  A DIETA DA PROTEÍNA


A edição nº 266 da Revista Corpo a Corpo apresenta a reportagem “Proteína da vez: seca barriga” que aborda a inclusão da proteína no cardápio de quem deseja perder peso. Ao longo do texto, é mencionado brevemente a respeito da recomendação da ingestão proteica, sendo de 1 g de proteína por kg de peso corporal para pessoas sedentárias e 1,4 a 1,8g de proteína por kg de peso corporal para praticantes de atividade física. Dessa maneira, uma mulher sedentária, pesando 55 kg, deve consumir 55 g de proteína por dia. No entanto, a matéria induz o leitor a consumir um cardápio com quantidade acima da recomendação de proteínas e contendo apenas 1100 calorias, além de não considerar a individualidade bioquímica dos indivíduos.

Um dos equívocos da população é a busca por soluções fáceis e rápidas para perder e manter o peso, obtidas por meio de uma alimentação restritiva, ou seja, deficiente em carboidratos, lipídios e, principalmente, vitaminas e minerais.

A proteína é um macronutriente formado a partir de vários aminoácidos unidos entre si. As principais fontes alimentares são de origem animal, ou seja, carnes, ovos, leite e derivados. O maior consumo desses alimentos, no entanto, eleva a ingestão de gorduras saturadas, estando estas relacionadas à ativação da produção de substâncias pró-inflamatórias, as quais irão induzir o aumento nas concentrações de marcadores inflamatórios da função endotelial e de moléculas de adesão, todos relevantes no aumento do risco para aterosclerose e outras doenças cardiovasculares.

Poucos dias após o início de uma dieta da moda, como é o caso da dieta rica em proteínas, o corpo já mostra sinais de estresse: desidratação, hipoglicemia, vômitos, diarreia e dores de cabeça são os sintomas mais comuns. Mesmo assim, muitas pessoas persistem com o plano alimentar, o que aumenta o risco de novas complicações. Estudos apontam que até 59% dos indivíduos que seguem a dieta da proteína tiveram aumento dos níveis de colesterol no sangue. Além disso, outros efeitos foram observados, tais como cálculo renal, infecções recorrentes, hepatite, pancreatite aguda, osteopenia e anemia por deficiência de ferro, podendo chegar até ao óbito.

Além de uma dieta com excesso de proteínas, a reportagem também apresenta um cardápio extremamente insuficiente em calorias para suprir a necessidade energética de um adulto. De fato, tem se observado bons resultados na perda de peso e melhora do perfil lipídico e glicêmico em adultos obesos que seguiram uma dieta hipocalórica, no entanto, com um bom perfil de ácidos graxos insaturados (oleico e alfa-linolenico – gorduras com propriedades anti-inflamatórias), além de micronutrientes com propriedades antioxidantes como vitaminas A, E, C, Zinco e Selênio. Mais preocupante ainda, uma dieta restrita em calorias não irá fornecer o aporte necessário dessas e tantas outras vitaminas e minerais, o que agrava ainda mais um possível quadro de deficiência, bastante comum entre a população brasileira e, não raro, entre indivíduos com alteração do peso.

Ainda, de acordo com o conceito de individualidade bioquímica proposto pela Nutrição Funcional, cardápios prontos estão fadados ao fracasso. Cada indivíduo possui suas hipersensibilidades alimentares, carências nutricionais, aversões e intolerâncias, devendo, portanto, haver uma dieta específica para tratar os desequilíbrios nutricionais de cada paciente.

Assim, não inicie dietas de outras pessoas ou que você leu na revista. Procure um NUTRICIONISTA profissional capacitado, que irá propor o melhor plano alimentar para você.


                                                                                     Nutrição funcional - Valeria Pascoal