Quase sempre presente nos temperos usados no preparo dos principais alimentos consumidos pelos brasileiros, o alho consiste em um importante elemento que compõe a nossa culinária e as nossas práticas alimentares. O seu uso e as suas qualidades se posicionam para muito além de questões relacionadas ao monopólio do sabor dos alimentos por quem os prepara. O alho, além de adicionar apreciado sabor e aroma aos alimentos, consiste em um acréscimo saudável ao que comemos, sendo plenamente capaz de auxiliar na melhoria de nossa qualidade de vida, qualidade esta que os especialistas consensualmente afirmam estar estreitamente relacionada ao quê e a como consumimos. Em função de seus efeitos benéficos à saúde, diversas reportagens e estudos científicos são realizados sobre esse alimento.
Embora ainda existam controvérsias, a maioria dos estudiosos aponta que o nascimento do alho remonta cerca de seis mil anos e ocorreu no continente asiático, mais precisamente no deserto da Sibéria, de onde posteriormente teria sido transportado para o Egito, para o extremo oriente, por meio do comércio com a Índia e, finalmente, para o continente europeu. Uma diversidade de acontecimentos remotos circunda o uso do alho pelas sociedades da antiguidade e do período medieval.
Na sociedade egípcia, por exemplo, sete quilos de alho eram suficientes para que se comprasse um escravo, ao mesmo tempo em que os trabalhadores atuantes na construção das pirâmides recebiam uma quantia em alho como parte de pagamento e também de sua alimentação diária, tendo em vista a crença de que o seu consumo melhoraria a resistência a doenças e epidemias.
O alho (alium sativum) é um vegetal da família das liliáceas, a mesma da cebola e da cebolinha. Sob essa denominação existem muitos tipos e quase todos se diferem com base no tamanho, na forma, na cor e no sabor, bem como no número de dentes por bulbo, acidez e capacidade de armazenamento.
É considerado um alimento funcional, classificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por ser capaz de trazer benefícios à saúde de quem o consome com certa regularidade. O “algo a mais” desse alimento se deve à presença de nutrientes ou compostos bioativos que, baseado em comprovações científicas e validação de órgãos nacionais e internacionais como a FDA (Food and Drug Admistration), produz efeitos positivos à saúde e reduz o risco de certas doenças.
Uma das propriedades largamente estudada do alho deve-se à presença de compostos organossulfurados (como a alicina), que podem auxiliar na redução da pressão arterial e do colesterol LDL.
A American Dietetic Association (ADA) indica o consumo de seiscentos a novecentos miligramas de alho por dia, quantidade que equivale ao peso médio de um dente de alho cru, forma de consumo diário recomendada para a promoção dos efeitos benéficos.
Para aproveitar as propriedades benéficas deve-se picar e macerar o alho e esperar por 10 minutos para dar tempo das enzimas, presentes no próprio vegetal, agirem, e só então utilizá-lo. Para preparações em que há necessidade de aquecimento, é importante não deixar o alimento escurecer.
Já existem vários suplementos à base de alho no mercado e, em certas situações, demonstram bons resultados no tratamento de algumas pessoas, aliados a outros fatores como a promoção de um estilo de vida mais saudável.
Um dos suplementos disponíveis é o óleo de alho, porém se faz necessário ressaltar que este não possui ação na melhora do perfil lipídico e colesterol sanguíneos, já que os compostos bioativos responsáveis por esse efeito são hidrossolúveis e não estão presentes nesses produtos. Neste caso, a melhor indicação seria o extrato de alho, que também auxilia na melhora da Hipertensão Arterial Sistêmica.
Dentre tantas vantagens demonstradas no uso do alho, não se pode deixar de ressaltar a soberania da individualidade bioquímica, onde cada indivíduo é único e reage de uma forma individual aos diversos compostos e nutrientes presentes nos alimentos. É só observar que algumas pessoas referem má digestão e presença de gases, dentre outros efeitos, ao consumir o alimento.
No caso do alho, alguns compostos presentes podem interagir com medicamentos, como por exemplo, anticoagulantes, hipertensivos e hipoglicemiantes, potencializando ou agindo em sinergia com os componentes dos mesmos.
Dessa forma, um alimento que pode servir como remédio para uns, pode ser como um veneno para outros. Por mais uma vez, a individualidade bioquímica e o respeito à própria natureza se fazem vitais.
Nutrição Clínica Funcional
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