domingo, dezembro 04, 2011

CONSUMO DO LEITE DE VACA: MITOS E REALIDADES




Atualmente, um dos produtos mais presente no hábito alimentar do ocidental é o leite e seus derivados. A aceitação do leite como alimento completo existe desde a nossa primeira refeição. Entretanto para podermos observar os efeitos do leite de vaca no nosso organismo devemos dissociar a ação do leite materno e do leite “não materno”, sendo esse o maior limitante para uma análise racional.

O leite materno é o alimento mais perfeito que existe no mundo. Sua composição é específica e sutilmente modificada de acordo com a necessidade do lactente13.

Em todos os mamíferos, os nutrientes e, em especial, as proteínas do leite produzido são para estimular, nesta espécie, o melhor crescimento e desenvolvimento orgânico e funcional.

Quanto mais evoluímos e a tecnologia nos oferece mais conhecimentos específicos sobre a composição e as funções do leite materno, mais esforço é despendido em relação ao aleitamento materno pelo maior tempo possível, onde já foram comprovados os inúmeros benefícios que isto trará para o resto da vida do bebê10, 11.



O leite materno é um líquido rico em gordura, proteína, carboidratos, minerais, vitaminas, enzimas e imunoglobulinas que protegem contra várias doenças. O leite materno é composto por 87% de água, sendo que os 13% restantes são uma poderosa combinação de elementos, fundamentais para o crescimento e desenvolvimento da criança, além de prepará-la adequadamente para aceitar e utilizar os alimentos que serão introduzidos gradualmente, a partir de um mecanismo imunológico perfeito, desenvolvido a partir das substâncias presentes no leite materno14. O leite humano é rico em leucócitos e anticorpos que protegem o bebê contra infecções e alergias, possue fatores de crescimento que aceleram a maturação intestinal, também previnindo alergias e intolerâncias. É rico em vitamina A que previne e/ou reduz a gravidade de algumas infecções e previne doenças oculares causadas por sua deficiência14. Além disto, um estudo na Suécia sobre a ação da caseína dos leites humano e de vaca, demonstrou que a caseína presente no leite humano é um dos componentes que ajuda a proteger as crianças contra infecções gastrintestinais, impedindo a adesão de más bactérias como a H. Pylori às células da mucosa intestinal humana, enquanto o mesmo não ocorreu com a caseína do leite de vaca9.


O leite de vaca também contém fatores imunológicos de ótima qualidade, mas para o bezerro. Esses fatores só funcionam para a mesma espécie. Mesmo que alguns destes fatores possam funcionar, serão destruídos pela armazenagem e fervura do leite14.


É importante analisarmos os nutrientes que constituem o leite materno e o leite de vaca para entendermos alguns paradoxos que existem em relação ao leite de vaca.


O leite materno é rico em ácidos graxos de cadeia longa, importante para o desenvolvimento e mielinização do cérebro. Ácido araquidônico e linoléico, fundamentais na síntese de prostaglandinas, existem em maiores concentrações no leite humano do que no leite de vaca14.

O principal açúcar do leite materno é a lactose porém, mais de 30 açúcares já foram identificados no leite humano, como a galactose, frutose e oligossacarídeos, com ação bifidogênica comprovadamente muito maior do que os do leite de vaca14.



O que mais diferencia o leite de vaca do humano, e por isso mesmo mais transtornos pode causar ao ser humano, é a composição de proteínas e o desequilíbrio entre os minerais.



As proteínas do leite humano são estruturais e qualitativamente diferentes das do leite de vaca. No leite humano, 80% do conteúdo proteico é de lactoalbumina. No leite de vaca esta mesma proporção é de caseína. A relação proteína do soro/caseína do leite humano é de 80/20, a do leite bovino é 20/8014.



A baixa concentração de caseína no leite humano resulta em uma formação de coalho gástrico mais leve, com flóculos de mais fácil digestão e com reduzido tempo de esvaziamento gástrico14. Além disso, o leite bovino contém a betalactoglobulina, uma proteína que não existe em leite humano e é comprovadamente a mais alergênica do leite de vaca para o ser humano, principalmente por não termos enzimas que digerem esta proteína.



Diversos estudos já demonstraram existir mais de 25 frações proteicas alergenicas em leite de vaca.





O leite humano também contém maiores quantidades de aminoácidos essenciais de alto valor biológico, como a cistina, e aminoácidos como a taurina que não tem em leite de vaca, e que são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso central. Isto é particularmente fundamental para os prematuros que não possuem enzimas necessárias para a formação da taurina14.



O leite de vaca ainda possue 3 vezes mais proteína que o leite humano, sendo chamado por alguns estudiosos de “carne líquida” 14, porém acidificando o pH sangüíneo e sobrecarregando o rim, quando consumido em alta quantidade e, ao contrário do que se imagina, aumentando a excreção urinária de cálcio.





Outro fator de desequilíbrio no leite bovino é a quantidade de cálcio que é 3 vezes maior que no leite materno, porém com desequilíbrio entre os minerais necessários para uma real utilização do cálcio, prejudicando sua biodisponibilidade. Isto não acontece no leite humano cuja quantidade e proporção de cálcio e dos demais minerais como magnésio, boro, manganês, facilitam a sinergia dos mesmos gerando uma utilização adequada e evitando microcalcificações15,17. A maior parte dos alimentos vegetais, que são boas fontes de cálcio, tem uma proporção parecida com a do leite humano e uma sinergia com os demais nutrientes necessários para sua biodisponibilidade15,17.



Em um estudo em Cambridge, Reino Unido, com 926 bebês que foram acompanhados por 5 anos, foi demonstrado que quanto maior o tempo de consumo do leite materno, maior o nível de mineralização óssea aos 5 anos, com uma diferença de até 38% em relação aos que receberam fórmulas infantis, apesar das mesmas terem uma proporção maior de cálcio12.



Tabela de Comparação do leite materno com outros leites



De: OMS/CDR/93.6



LEITE E DERIVADOS  & ALERGIAS E HIPERSENSIBILIDADES

Inúmeros estudos demonstram a relação de leite e derivados com processos alérgicos por diversos mecanismos imunológicos3, ou seja alergias mediadas por IgE, clássica e normalmente com reações imediatas, porém essas são 1 a 2% das alergias alimentares, sendo a maior porcentagem em crianças até 3 anos.


A maior porcentagem das alergias alimentares são tardias e mediadas por IgG, principalmente, podendo desencadear sintomas de 2 horas a 3 dias após o contato com os alérgenos, sendo portanto de dificil diagnóstico18. Entre os alimentos mais alergênicos, o leite de vaca é o mais freqüente. Essa relação até já é feita pela maior parte dos profissionais da área da saúde atentos às causas das doenças, porém costuma-se ligar mais a intolerância à lactose. Sem dúvida esta intolerância é comum e pode desencadear transtornos funcionais gastrintestinais locais e por conseqüência também sistêmicos. Porém, não é a maior causa de doenças sistêmicas desencadeadas pelo leite de vaca. A maior relação dos derivados de leite com as alergias tardias se deve ao fato do organismo não digerir a beta-lactoglobulina. A caseína (80%), alfa-lactoalbumina e lactoglobulina são de dificuldade digestiva, principalmente a caseína.


As proteínas alergênicas dos lácteos provocam uma inflamação na mucosa intestinal causando alteração na permeabilidade da mesma, facilitando a passagem de macromoléculas e metais tóxicos, alé de favorecer a má absorção de nutrientes, gerando uma síndrome de má absorção. Como a mucosa intestinal é produtora de substâncias como serotonina, hormônios, enzimas digestivas, sua alteração prejudicará as funções executadas por essas substâncias que seriam produzidas e liberadas para a circulação para uma ação no organismo.



Além disso, as macromoléculas que conseguiram atravessar esta mucosa intestinal alterada, podem provocar uma reação do organismo no sentido de combatê-las pois são entendidas como antígenos (substâncias estranhas ao organismo), necessitando ser eliminadas. Para isso, além da ação dos fagócitos, poderá existir a formação de anticorpos e estímulo do sistema do complemento, havendo liberação de histaminas e de outros autacóides (substâncias quimicamente ativas), agregação plaquetária, além da produção de outras substâncias pró-inflamatórias como leucotrienos, citocinas etc18. Todas estas reações em conjunto, podem desencadear sintomas em diversos órgãos alvo (órgão de choque), podendo se manifestar por alterações físicas, mentais e/ou emocionais.

Diversos estudos comprovaram a relação de alergia tardia3,18, principalmente à leite de vaca com otite5, dermatite, rinite6, sinusite, bronquite asmática6, amigdalite, obesidade16, aumento da resistência à insulina, aumento na formação de muco, gastrite, enterocolite, esofagite, refluxo, obstipação intestinal2, enurese, enxaqueca8, fadigas inexplicáveis, artrite reumatóide7, falta de concentração4, hiperatividade (ADHD)4, dislexia, ansiedade e até mesmo depressão18.

No processo alérgico tardio, a histamina é liberada em pequena quantidade, não desencadeando sintomas alérgicos imediatos, porém, em quantidade pequena tem ação de relaxante cerebral16, dando sensação de conforto e relaxamento, ligando o alérgeno ingerido primeiramente ao prazer, muitas vezes gerando vício, e não aos problemas que ele trará depois de um tempo variável. Os sintomas tardios são relacionados com a necessidade de maior formação de imunocomplexos (em pequena quantidade nem sempre provoca sintomas alterados), e uma queda da serotonina16, levando à sensação de ansiedade, vontade de comer carboidrato, falta de saciedade, etc. Outro fator que pode gerar vício ao alimento sensibilizante é a fermentação que a microbiota poderá fazer da caseína, da beta-lactoglobulina (e também do glúten), produzindo substâncias que ocupam o lugar de aminas biológicas como serotonina, modificando o comportamento, podendo levar a sintomas como hiperatividade, excitação, e depois de um tempo variável à ansiedade e até mesmo depressão, porém, mais uma vez levando ao vício pelo fato de num primeiro momento gerar prazer. Estas substâncias são chamadas de exorfinas, já que tem origem externa ao organismo.



É importante entender que o processo alérgico tardio não se manifesta pela presença da substância alergênica e sim pelo consumo regular da mesma, normalmente em detrimento de uma nutrição adequada, gerando processos somatórios que favorecem o desencadeamento dos sintomas alergicos.


BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES


O desequilíbrio entre cálcio e magnésio também favorece sintomas de carência de magnésio como cãimbra, dores musculares, inchaço, dor de cabeça, cólica, tensão muscular, taquicardia, osteoporose, aumento da resistência à insulina entre outros, principalmente quando se acha que ao tomar um iogurte ou uma bebida láctea colorida, já comeu “também” a fruta, ou seja, aumento do consumo de lácteos e baixo consumo de frutas, legumes e verduras.



Além dos fatores já discutidos, a fermentação (por más bactérias e comensais) de proteina e gordura mal digerida, vai favorecer um pH alcalino no intestino que prejudica o desenvolvimento e a manutenção das boas bactérias e dimimue a absorção de minerais. Já no sangue, o consumo de proteína, gordura, açúcar, leite e derivados mantém um pH ácidificado, dificultando a ação e utilização dos minerais, inclusive do cálcio, ao mesmo tempo que aumenta sua excreção renal.



A fermentação de legumes, verduras e frutas (por boas bactérias e comensais) mantém um pH ácido intestinal, prejudicando o desenvolvimento de más bactérias e favorecendo a absorção do cálcio e dos outros minerais necessários para um bom funcionamento orgânico, inclusive manutenção da massa óssea.



No sangue, o metabolismo de legumes, verduras e frutas mantém o pH levemente alcalino, ideal para que as reações orgânicas aconteçam, favorecendo a biodisponibilidade do cálcio e, conseqüentemente, sua fixação no osso, já que não precisa ser usado como tampão dos íons ácidos vindos da dieta1.



O maior problema do consumo de alta quantidade de cálcio, sem o equlíbrio com os demais nutrientes, principalmente o magnésio, é a possibilidade de microcalcificações a partir do cálcio circulante que não conseguiu fixar-se no osso, causando artrite, bursite, cálculos, nódulos, esporão,etc15,17.



É bom lembrar que para fazer o queijo, normalmente se concentra cerca de 10 vezes o leite, concentrando ainda mais as proteínas alergênicas e o cálcio, em detrimento do magnésio.



O pH normal do sangue varia entre 7,3 e 7,4, sendo levemente alcalino. É nesta faixa que as funções orgânicas podem ter um “ótimo” desempenho.



Pelo processamento que os alimentos sofrem durante a digestão, podem gerar substâncias alcalinizantes ou acidificantes.

São alcalinizantes as frutas, os legumes e as verduras, na sua maioria.

São acidificantes o leite, o açúcar, as carnes, a cafeína, as gorduras, o álcool e aditivos químicos contidos em alimentos industrializados.



Se o pH sangüíneo estiver ácido precisará ocorrer uma adaptação do organismo para equilibrar o mesmo. Além de gerar um estresse, ocorrerá uma maior excreção urinária de cálcio1.



Para a prevenção e mesmo tratamento da osteoporose, tão importante quanto a ingetão de boas fontes de cálcio e de todos os nutrientes que agem em conjunto com o mesmo, é a não ingestão ou o baixo consumo do que diminue a absorção do cálcio ou que aumentem a sua excreção urinária e fecal, como cafeína, álcool, aditivos químicos e excesso de: sal, açúcar, proteína, gordura, fitatos e oxalatos17.



Se analisarmos todas estas questões em conjunto, iremos percerber que o maior problema não está no consumo de leite e sim no alto consumo (consciente ou não) do mesmo e de seus derivados, em detrimento de alimentos fontes dos outros minerais necessários para o equlíbrio orgânico. Esse desequilíbrio facilita as reações alérgicas, intoxicação e transtornos funcionais, inclusive osteoporose.



Há poucas décadas atrás o consumo do leite fazia parte da alimentação das pessoas em pequena quantidade (aproximadamente 1 copo por dia). Não existiam essa enormidade de produtos industrializados e a alimentação era mais natural e rica em nutrientes, além de ser valorizada e priorizada, com muito menos estresse físico, mental e emocional, havendo um equilíbrio orgânico muito maior que possibilitava o organismo se defender de substâncias estranhas à ele.



A própria qualidade do leite sofreu modificações com a necessidade de utilizar recursos pró-produtividade como hormônios (hormônio de crescimento bovino), antibióticos (tratamento de mastites), pasteurização, manutenção de bactérias resistentes aos antibióticos, bactérias mortas, metabólitos dos medicamentos, etc. A discussão desses fatores, por si só, é assunto de um outro artigo, mostrando as possíveis interferências dos mesmos, que poderiam passar para o organismo humano pelo leite de vaca, aumentando os riscos de interferência na saúde e do potencial imunoestimilante que poderão desencadear.



Hoje em dia existe um consumo direto até menor do leite, porém extremamente aumentado dos seus derivados. Pior ainda é o consumo do leite utilizado nos produtos industrializados sem, na maior parte das vezes, sabermos que os mesmos estão presentes. O leite é uma fonte de proteína e gordura barata, por isso serve de insumo em quase todas as áreas da indústria alimentícia.



Teoricamente a manteiga não causaria os mesmos problemas dos outros derivados do leite por ser composta basicamente de gordura, tendo na sua composição ácido butírico que ajuda a previnir crescimento de fungos e cândida. Ainda na sua composição tem o CLA que, entre outras funções ainda em estudo, ajuda a manter a saciedade.



É importante observar que não é por acaso que os países onde o consumo de laticínios per capita é alto, também são altos os índices de obesidade, câncer e osteoporose. O inverso é verdadeiro. Países com baixo consumo per capita de laticínios como Japão, China e outras regiões asiáticas, tem os menores índices de obesidade, câncer e osteoporose.



Depois desta análise, fica claro que existe sim uma radicalização: a do consumo polarizado de leite e derivados em detrimento de alimentos naturalmente mais saudáveis e equilibrados nutricionalmente.



Talvez a resposta para a longevidade com qualidade de vida esteja em hábitos alimentares com menos produtos industrializados e aditivos químicos e o retorno ao consumo de alimentos mais saudáveis dados de presente pela “mãe” natureza, incluindo o consumo de leite de vaca, porém em quantidades equilibradas para cada um, respeitando a nossa capacidade de defesa e uma individualidade bioquímica, na qual as pessoas lidam de maneira diferente com os mesmos alimentos.

PARA ENTENDER MELHOR ESSA ALERGIA AO LEITE DE VACA,  PROCURE UM NUTRICIONISTA FUNCIONAL.



Artigo escrito pela  minha querida professora da Pós graduação em Nutrição Funcional
Dra. Nut. Denise Carreiro



Referência Bibliográfica


1- New A.S., et al. Dietary influences on bone metabolism: further evidence of a positive link between fruit and vegetable consumption and bone health? Am. J. Clin. Nutr. 2000;71:142-51.
2- Iacono,G. MD, et al. Chronic constipation as a symptom of cow milk allergy. The Journal of Pediatrics.1995; 126 (1): 34-39.
3- Gaby, A.R., M.D., The role of hidden food allergy/intolerance in chronic disease. Alt Med Rev, 1998; 3(2): 90-100.
4- Boris M, Mandel F.S. Foods and additives are common causes of the attention deficit hyperactive disorder in children. Ann Allergy, 1994; 72:462-468.
5- Nsouli, TM, Nsouli, SM, Linde, RE, et al. Role of food allergy in serous otitis media. Ann Allergy,1994; 73:215-219.
6- Ogle KA, Bullock JD. Children with allergic rhinitis and/or bronchial asthma treated with elimination diet. Ann Allergy, 1977; 39:8-11
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9- Stromqvist M, Falk P, Berstrom S, Hanson L, Lonnerdal B, Normark S, Hernell O - Human milk k-casein and inhibition of Helicobacter pylori adhesion to human gastric mucosa. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition, 1995; 21: 228-298.
10- Saarinen UM and Kajosaari M - Breastfeeding as prophylaxis atopic disease: a prospective follow-up study until 17 years old. The Lancet, 1995;346: 1065-1069.
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13- Ctenas, MLB, Vitolo, MR.Crescendo com Saúde: o guia de crescimento da criança. São Paulo: C2 Editora e Consultoria em Nutrição Ltda, 1999.
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15- Murray, M. T. Encyclopedia of nutritional supplements. Rocklin: Prima Health,1996. 488p.
16-Lin, R. Y., Schwartz, L. B., Curry, A. et al. Histamine and tryptase levels in patients with acute allergic reactions: Na emergency department-based study. J.Allergy Clin. Immunol. 106(1 Pt 1): 65-71, 2000.
17-Rena, RJM. A Mulher e a Osteoporose: Como prevenir e controlar. São Paulo: Iátria, 2003.
18- Brotoff, J, Gamlin, L. Food allergies and food intolerance. Bloomsbury: Vermont, 2000. 414p.

AVALIAÇÃO FUNCIONAL

 INTRODUÇÃO

Hipócrates, o pai da medicina, que viveu na Grécia há 2400 anos atrás, afirmava que as doenças originavam-se da natureza e por ela poderiam ser curadas, através de um equilíbrio com o meio ambiente, os alimentos ingeridos e com a paz de espírito.

A alimentação é um dos fatores comportamentais que mais influencia a nossa qualidade de vida. Um dos hábitos mais arraigados do ser humano é sem dúvida, o hábito alimentar, que pode ser influenciado por crenças e modismos, muitas vezes sem respaldos científicos atualizados.

Nos últimos 30 ou 40 anos, nossos hábitos sofreram grandes transformações. Nos alimentamos de forma diferente, respiramos um ar diferente, estamos em contato com substâncias sintéticas que nem existiam até então. Nos movimentamos cada vez menos e ainda somos obrigados a absorver cada vez mais informações e a lidar com emoções e desafios constantes no nosso dia a dia. Nosso sistema digestivo e neurológico, em conjunto com o sistema imunológico, estão em sobrecarga.

Todas essas mudanças foram rápidas demais para o tempo que o nosso organismo precisaria para se adequar a estes novos costumes. Podemos amenizar alguns fatores ambientais e/ou emocionais porém sempre com várias limitações. Devemos, então, interferir nos hábitos e processos alimentares para efetivamente nutrir a célula, inclusive, dando suporte para os fatores que pouco podemos interferir.

A qualidade da nossa alimentação tem nos causado problemas funcionais pois, diversas vezes, temos que lidar com excessos de substâncias estranhas, ao mesmo tempo que sofremos com a insuficiência de nutrientes essenciais para executar nossas funções orgânicas, inclusive de defesa, gerando desequilíbrios físicos, mentais e emocionais.

A evolução da ciência da Nutrição nos mostra, cada vez mais, como os nutrientes, presentes naturalmente nos alimentos, formam nossas células e nos fazem funcionar em todos os níveis. Com base em mais estes conhecimentos, somando a alimentação adequada, a inclusão freqüente de alimentos funcionais e quando necessária a suplementação nutricional, conseguiremos efetivamente nutrir a célula e deixar que ela, naturalmente, execute suas funções, prevenido doenças e promovendo saúde, que é o nosso maior objetivo.

Existem certos conceitos que já se perderam em função do tempo e de informações conflitantes, que nos atropelam no dia a dia e muito mais nos confundem do que nos esclarecem quanto às boas regras da alimentação.

Hoje em dia os tratamentos de saúde são mais voltados para os sintomas ( doenças ) do que para as suas causas, sejam elas alimentares, hereditárias, ambientais, iatrogênicas etc. Vários fatores, em conjunto ou isoladamente, podem estar causando os sintomas da doença, e se as causas básicas não forem detectadas, o paciente vai apenas amenizar temporariamente os sintomas e, às vezes, até trocar de sintoma, porém, não resolverá o problema. São os tratamentos voltados para a doença e não para o indivíduo que a desenvolveu.

NUTRIÇÃO CLÍNICA FUNCIONAL

Os nutrientes presentes nos alimentos são a fonte natural de matéria prima para a formação, manutenção e reestruturação celular.

Sob o aspecto celular, o que somos hoje não é o que fomos há 1 ano atrás e nem o que seremos daqui há um ano. Nosso organismo é formado por 100.000.000.000.000 (cem trilhões) de células e destas, 50 milhões são substituídas diariamente4, conseqüentemente a matéria prima que fornecemos para esta formação celular é determinante do resultado que teremos. Cada célula do organismo precisa de, pelo menos, 45 nutrientes conhecidos para desempenhar sua função.

A maneira como os nutrientes tornam-se parte integrante do nosso organismo e contribuem para o seu funcionamento depende dos processos bioquímicos e fisiológicos que determinam suas ações.

A simples ingestão do alimento não garante que seus nutrientes estarão biodisponíveis, isto é, que estes nutrientes possam estar disponíveis para serem utilizados pelas células. Para que isso realmente ocorra, é fundamental que além de uma quantidade e qualidade ideal de "matéria prima", também existam condições químicas e fisiológicas ideais para o alimento ser quebrado, os nutrientes resultantes dessa quebra serem absorvidos, transportados, e utilizados pelas células do organismo. Também é necessário, que os produtos resultantes deste processo, que não serão utilizados pelo organismo, consigam ser excretados, assim como as substâncias tóxicas que possam ter sido ingeridas junto aos alimentos.

Se uma dessas etapas do metabolismo não funcionar direito, mesmo com uma alimentação adequada, o organismo apresentará carências nutricionais e, conseqüentemente, funcionais. Pois, na medida em que faltar matéria prima para o organismo, algumas das suas funções serão prejudicadas. A utilização do alimento pelo organismo depende de um processo que envolve:

Ingestão, Digestão, Absorção, Transporte, Utilização e Excreção.

PRINCÍPIOS DA NUTRIÇÃO FUNCIONAL:

- Individualidade bioquímica
Tratamento centrado no paciente e não na doença
Equilíbrio nutricional & Biodisponibilidade dos nutrientes
Interferência de fatores externos na saúde orgânica
Saúde como vitalidade positiva e não simplesmente como ausência de doenças: Equilíbrio Físico, Mental e Emocional

ANAMNESE FUNCIONAL:

Didaticamente, a anamnese será apresentada em tópicos e as questões levantadas, embora sejam comuns a vários tópicos, serão feitas uma só vez e analisadas em conjunto para os fins necessários.



Individualidade Bioquímica

Segundo o Dr Roger j. Williams, Ph.D., individualidade bioquímica é:
“Um conjunto único de fatores genéticos de um indivíduo que controla seu metabolismo, suas necessidades nutricionais e suas sensibilidades ambientais”6.

Essa individualidade bioquímica irá nortear uma terapia para cada paciente, e a relação nutricionista/paciente é essencial e determinante para detectar e atuar efetivamente nos processos que estão desequilibrando o paciente em questão.

A anamnese funcional é uma ferramenta utilizada para avaliar todos os processos que determinam e que influenciam o quadro atual do paciente.

Tratamento centrado no paciente e não na doença
A hereditariedade é importante na história do indivíduo, porém, a expressão de um gene depende 70% a 75% da influência do meio ambiente, sendo determinada, portanto, pelo fenótipo. Segundo o Dr Jeffrey S. Bland, Ph.D., autor do livro Genetic Nutritioneering: as interferências ambientais, nutricionais e comportamentais modificam a expressão de um gene2.
O levantamento da história familiar de morbidades e longevidade, da história pessoal de patologias e medicamentos utilizados freqüentemente, da exposição ao ambiente e tipo de trabalho do indivíduo, dos seus hábitos alimentares, sinais e sintomas clínicos (desenvolvidos no passado e atualmente), hábitos de vida (fumo, sono, drogas...), atividade física e estresse mental e ou emocional dão uma característica individual aos sintomas desenvolvidos por este paciente e nos orientam a tratar as causas destes sintomas.

Equilíbrio nutricional & Biodisponibilidade dos nutrientes
Ingestão, Digestão, Absorção, Transporte, Utilização e Excreção.

Alimento não é caloria, é matéria prima que também fornece energia. A quantidade e a qualidade da composição da nossa alimentação, assim como a biodisponibilidade dos nutrientes, determinam o funcionamento adequado do organismo em todos os níveis.

Os nutrientes agem em conjunto, sendo que, um depende da presença do outro para que a sua ação seja efetiva. Portanto, o que pode desequilibrar a alimentação são os excessos e/ou as carências nutricionais.

Como os nutrientes, em geral, agem em conjunto, a carência de qualquer nutriente essencial, mesmo aquele necessário em quantidades irrisórias, pode determinar a alteração do equilíbrio geral do organismo. É o que diz a “lei do mínimo”: o nutriente que está em menor quantidade, proporcionalmente, determina o desempenho total do organismo6.


Ingestão: O que, quando, como, quanto e com o que comer.

Avaliar a qualidade e a quantidade dos alimentos ingeridos, intervalo entre as refeições, a frequência de consumo, monotonias alimentares, combinações, preferências, aversões e ingestão hídrica, nos darão indicadores do equilíbrio nutricional (excessos e/ou carências de nutrientes). Permitirão, também, a avaliação da ingestão freqüente de substâncias químicas, agrotóxicos, nicotina, poluentes ambientais, metais pesados; excesso de cafeína, açúcar refinado, álcool, estresse oxidativo ( falta de matéria prima antioxidante e excesso de oxidantes); consumo freqüente de alergenos alimentares e facilitadores de endotoxinas (por ex. intestinais, como nitrosaminas). Todas estas substâncias poderão desencadear o aparecimento de mediadores como: eicosanóides, citocinas, histaminas (e outros autacóides), espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (EROs e ERNs), assim como desequilíbrios na formação e na ação de hormônios, neuropeptídeos e neurotransmissores, promovendo desequilíbrios orgânicos que podem se traduzir em condições clínicas patológicas.

Nas ultimas décadas, houve um aumento da oferta da variedade de alimentos, porém, com uma redução na qualidade nutricional destes, causadas por vários fatores cujos principais são:

-Empobrecimento da quantidade de nutrientes do solo;
-Forte presença de produtos químicos nas lavouras;
-Contaminação das águas, tanto para irrigação quanto para o consumo;
-Perda nutricional causada por armazenamento, transporte e manuseio impróprios;
-Perda de nutrientes e contaminação química causadas pela industrialização dos alimentos;

Em paralelo, nosso organismo sofreu modificações neste período, passando a exigir uma maior quantidade de nutrientes para lidar com os desequilíbrios gerados por situações como:

-Poluição ambiental;
-Estresse físico e emocional;
-Maior consumo de alimentos com fatores antinutricionais;
-Maior consumo de alimentos industrializados.

Atualmente, existem mais de 2000 substâncias químicas sendo utilizadas nos alimentos industrializados. Estas substâncias podem causar reações adversas no nosso organismo, principalmente se consumidas com freqüência.
Estes aditivos são classificados pelas seguintes funções: acidulantes, antioxidantes, antiumectantes, aromatizantes, conservantes, corantes, estabilizantes, espessantes, umectantes e uma grande utilização de Glutamato Monossódico para realçar o sabor dos alimentos.

Digestão:

Avaliar os fatores que podem interferir na quebra dos alimentos, como por exemplo: a mastigação; o meio ácido gástrico (diminuição da produção e/ou diluição do ácido clorídrico, ou utilização de medicamentos como omeprazol que inibe a produção de ácido clorídrico); produção e ação adequada das enzimas digestivas (salivares, gástricas, intestinais e pancreáticas) e do ácido bilear, bicarbonato; e estresse (aumento de liberação de adrenalina).

Sintomas como: flatulência, erutação, azia, queimação, sensação de “empachamento”, estufamento, “digestão parada”, dores e inchaços abdominais indicam uma má digestão dos alimentos. O entendimento dos fatores que estão causando este processo determinará o tratamento.


Absorção:

É necessário avaliar os fatores que poderão interferir na absorção dos nutrientes ingeridos, como por exemplo:

- Mastigação. A quebra e digestão dos alimentos começa na boca, e só haverá absorção adequada com mastigação adequada. A boa mastigação estimula a continuidade da digestão no estômago (que não tem “dentes”), pois os alimentos chegam mais fracionados e facilitam a ação das enzimas gástricas.
- A ingestão de líquidos com a refeição e na primeira hora após a mesma, além de “empurrar” o alimento, causa uma diluição do meio ácido gástrico necessário para a ação das enzimas digestivas, absorção dos nutrientes e destruição de bactérias nocivas ao nosso organismo.
- Comer rápido, estressado ou nervoso, por exemplo, aumenta a liberação de adrenalina que prepara o organismo para “lutar ou fugir”, desviando o sangue para as extremidades do corpo e inibindo a digestão e conseqüentemente a absorção dos nutrientes.
- A ingestão de drogas que interferem na absorção dos nutrientes e/ou aumentam sua excreção.
- A presença de fungos e parasitas pode causar inflamações e infecções intestinais que geram transtornos de absorção1.
- O equilíbrio entre as boas e más bactérias do sistema digestório, que evita a disbiose intestinal, é necessário para a saúde orgânica funcional. A boa flora intestinal é importante para: aumentar a absorção dos nutrientes; ativar o sistema imunológico; combater as más bactérias (por competição e por produção de antibióticos naturais); manter integridade da parede intestinal; produzir vitaminas como vit K, vit B12, vit B5, Vit B6, ácido fólico e biotina; produzir ácidos graxos de cadeia curta; melhorar o processo digestivo; combater a Helicobacter pylori; promover uma ação anti-cancerígena; regular o colesterol e auxíliar o tratamento de alergias alimentares.
- A manutenção da integridade da parede intestinal é fundamental para a seleção natural dos nutrientes que serão absorvidos, e para a inibição da absorção de macromoléculas estranhas ao organismo. Esta integridade da mucosa intestinal é necessária também para a produção de várias substâncias, feita pelos enterócitos, como: enzimas digestivas, hormônios e vários neurotransmissores, inclusive serotonina, que conferem ao intestino a condição de “segundo cérebro”. O intestino é o único órgão que contém um sistema nervoso capaz de medir reflexos na total ausência de informações do cérebro ou da medula espinhal. O número de neurônios neste sistema entérico é de cerca de 100 milhões, quase o mesmo que em toda medula espinhal.

A integridade funcional do intestino também é fundamental para o sistema imunólogico, pois componentes da mucosa intestinal como IgA secretora, tecido linfóide intestinal (GALT) e células efetoras como macrófagos, mastócitos e linfócitos (¼ das células do intestino)5 atuarão intensamente no combate às substâncias estranhas ao organismo, inclusive alimentos mal digeridos. O intestino é um dos principais órgãos que atuam na detoxificação do organismo3. É também o sistema que mais está exposto ao meio ambiente (250m2)4 e, portanto, é mais sensível às substâncias agressivas, além de ser dotado de uma enorme capacidade de selecionar os nutrientes necessários ao funcionamento do organismo e impedir a absorção dos seus agressores. Daí a importância da integridade fisiológica e funcional deste sistema.

Portanto, sem saúde intestinal não existe equilíbrio funcional.

Transporte

A carência proteica (comum em vegetarianos restritos ou em algumas cirurgias da obesidade) pode facilitar a diminuição de proteínas transportadoras e, mesmo se houver uma ingestão adequada de vitaminas e minerais, estas não serão transportadas até a célula.

Utilização

É muito comum pensarmos em carência de cálcio quando se trata de osteoporose. Porém, muitas vezes, o que realmente ocorre é uma falta de utilização do mesmo, gerada pela carência dos nutrientes que agem em conjunto com o cálcio e são necessários para a fixação do mesmo no osso. Apesar de haver uma quantidade suficiente de cálcio, e as vezes até em excesso, ele não consegue ser utilizado pelo osso e ainda pode ser acumulado em tecidos moles ou até mesmo formar cálculos. Portanto, através da avaliação de hábitos alimentares e de todos os fatores já comentados teremos maior probabilidade de tratarmos as causas do problema e, no caso do exemplo acima, evitar que o paciente seja tratado apenas com uma suplementação de cálcio e vitamina D, que mais prejudicam do que resolvem o processo.

Excreção

Os produtos resultantes do metabolismo, que não serão utilizados pelo organismo e/ou qualquer substância que possa causar danos orgânicos (xenobióticos), sejam elas originadas externamente ou internamente, precisam ser excretados. Além da avaliação de uma excreção adequada via urinária, fecal, trato respiratório e pele, também é determinante a integridade dos órgãos de detoxificação, principalmente, do fígado e do intestino.

A detoxificação é o processo biológico pelo qual o organismo transforma xenobióticos, originários de fontes externas ou internas, em substâncias que possam ser excretadas. Embora a detoxificação possa ser feita em todos os tecidos e órgãos, o principal deles é o fígado2, seguido pelo intestino.

Existem vários nutrientes que dão suporte à detoxificação. Quanto mais substâncias estranhas ao organismo forem absorvidas, e quanto menos houver suporte nutricional adequado, maiores as possibilidades de intoxicação orgânica e conseqüentes desequilíbrios funcionais.

Interferência de fatores externos na saúde orgânica

O meio no qual o indivíduo vive, a poluição ambiental, o estresse (físico, mental e emocional), o tipo de trabalho exercido por ele, a exposição regular à metais tóxicos (chumbo, mercúrio e cádmio por exemplo), entre outros fatores, precisam ser analisados, pois irão interagir com o organismo e influenciar o seu funcionamento. A individualidade bioquímica faz com que as reações orgânicas, diante dos mesmos fatores, sejam diferentes de uma pessoa para a outra e até para a mesma pessoa em momentos diferentes.

Saúde como vitalidade positiva e não simplesmente como ausência de doenças: Equilíbrio Físico, Mental e Emocional

A análise de sinais e sintomas físicos (intestino preso/diarréia, azia, dor de cabeça, cansaço, dores musculares, queda de cabelo, língua branca, aftas, infecções recorrentes etc), mentais (falta de concentração, de memória, hiperatividade mental etc) e emocionais (ansiedade, depressão, irritabilidade etc), aliada a todos os outros fatores analisados nos permitirão entender melhor as causas e as interrelações entre as mesmas. A partir desta avaliação, conscientizar o paciente e orientá-lo de maneira efetiva para uma mudança no processo que determinará os resultados, tratando os problemas já existentes, promovendo a saúde integral e previnindo doenças, otimizando o seu potencial genético.

Nut.  Denise Carreiro

Referência Bibliográfica



1- BAKER, S.M. Detoxification and Healing: The Key to Optimal Health. New Canaan: Keats Publishing, 1997.
2- BLAND, Jeffrey. S. Genetic Nutritioneering. Illinois: Keats Publishing, 1999.
3- HAAS, E. M. The Detox Diet: A How-to & When-to Guide for Cleansing the Body. Berkeley: Celestial Arts, 1996.
4- GUYTON, A.C., HALL, J.E. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças.Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A, 1997.
5- Matricardi PM. Infections preventing atopy: facts and new questions. Allergy 1997;52:879-882.
6- WILLIAMS, Roger John. Biochemical Individuality: The Basis for the Genetotrophic Concept.
New Canaan: Keats Publishing, 1998. Previously published: 1956