NUTRIÇÃO FUNCIONAL
quarta-feira, fevereiro 29, 2012
DIETAS DA MODA - "DIETA DA PROTEÍNA "
Muitas pessoas acham chique dizer que está em dieta... Mas até que ponto essa obsessão por dieta não prejudica nossa saúde??? E quando digo saúde, não me refiro somente a saúde física, mas também a nossa saúde mental!
É só irmos em uma banca de revista que podemos observar um grande número de revistas que nos vendem grandes SONHOS! "Emagreça 5kg com a dieta da Lua" - "O poder do Abacate" - "Perdi 20kg sem exercício físico" - "Dieta da Estrelas" - "Dieta da barriga chapada".. e por aí vão tantas ilusões... e nós, muitas vezes desiludidos de nosso próprio corpo, aceitamos essas propostas... seguindo por um tempo e acabamos nos frustando...
Devemos estar sempre muito atentas a essas propagandas, pois a maioria delas são enganosas... Até podemos perder algum peso seguindo uma dieta assim, mas com certeza, em pouco tempo retomamos o peso perdido, e às vezes, para piorar, vem o efeito rebote.. engordamos mais do que perdemos!!! Será que vale a apena?? Não é de hoje que são publicadas informações sobre as dietas de emagrecimento. É um tema largamente abordado e presente em reportagens sobre estética, emagrecimento, saúde, propagandas de produtos, entre outros. E na maioria dos casos, elas compartilham uma característica clássica: são MILAGROSAS! Apresentam a idéia de que é possível perder peso de uma forma incrivelmente rápida.
Estranho pensar que ao mesmo tempo em que são divulgadas diversas reportagens sobre emagrecimento e cardápios, a porcentagem de obesidade bem como de doenças crônicas não transmissíveis vem aumentando cada vez mais. A qualidade e aplicabilidade destas informações ficam, assim, questionáveis.
Outro ponto comum, apesar de incorreto, é a questão de troca de dieta entre as pessoas. Apesar de compartilharmos todos da mesma informação sobre o número de células, somos seres individuais, ou seja, diferentes uns dos outros. A forma como o organismo de uma pessoa se comporta ou responde a um tratamento é sempre única. Seria possível então o conceito de uma mesma dieta ser boa para todas as pessoas? Pode uma dieta generalizada atender à especificidade das pessoas? É necessário ser levado em conta a questão da individualidade bioquímica.
Por fim conscientizar os indivíduos sobre a maior importância da saúde em relação à estética, devido ao grande apelo estético visto atualmente, é ponto fundamental. Estudo sobre nutrição conclui: “há necessidade de reflexão acerca da valorização desse ideal de beleza veiculado pela mídia e sua influência nas práticas alimentares, que pode levar à instalação de transtornos do comportamento alimentar”.
Não existem dietas milagrosas. A não ser que o esforço necessário em um tratamento supervisionado de emagrecimento de forma saudável seja considerado um milagre.
A edição nº 266 da Revista Corpo a Corpo apresenta a reportagem “Proteína da vez: seca barriga” que aborda a inclusão da proteína no cardápio de quem deseja perder peso. Ao longo do texto, é mencionado brevemente a respeito da recomendação da ingestão proteica, sendo de 1 g de proteína por kg de peso corporal para pessoas sedentárias e 1,4 a 1,8g de proteína por kg de peso corporal para praticantes de atividade física. Dessa maneira, uma mulher sedentária, pesando 55 kg, deve consumir 55 g de proteína por dia. No entanto, a matéria induz o leitor a consumir um cardápio com quantidade acima da recomendação de proteínas e contendo apenas 1100 calorias, além de não considerar a individualidade bioquímica dos indivíduos.
Um dos equívocos da população é a busca por soluções fáceis e rápidas para perder e manter o peso, obtidas por meio de uma alimentação restritiva, ou seja, deficiente em carboidratos, lipídios e, principalmente, vitaminas e minerais.
A proteína é um macronutriente formado a partir de vários aminoácidos unidos entre si. As principais fontes alimentares são de origem animal, ou seja, carnes, ovos, leite e derivados. O maior consumo desses alimentos, no entanto, eleva a ingestão de gorduras saturadas, estando estas relacionadas à ativação da produção de substâncias pró-inflamatórias, as quais irão induzir o aumento nas concentrações de marcadores inflamatórios da função endotelial e de moléculas de adesão, todos relevantes no aumento do risco para aterosclerose e outras doenças cardiovasculares.
Poucos dias após o início de uma dieta da moda, como é o caso da dieta rica em proteínas, o corpo já mostra sinais de estresse: desidratação, hipoglicemia, vômitos, diarreia e dores de cabeça são os sintomas mais comuns. Mesmo assim, muitas pessoas persistem com o plano alimentar, o que aumenta o risco de novas complicações. Estudos apontam que até 59% dos indivíduos que seguem a dieta da proteína tiveram aumento dos níveis de colesterol no sangue. Além disso, outros efeitos foram observados, tais como cálculo renal, infecções recorrentes, hepatite, pancreatite aguda, osteopenia e anemia por deficiência de ferro, podendo chegar até ao óbito.
Além de uma dieta com excesso de proteínas, a reportagem também apresenta um cardápio extremamente insuficiente em calorias para suprir a necessidade energética de um adulto. De fato, tem se observado bons resultados na perda de peso e melhora do perfil lipídico e glicêmico em adultos obesos que seguiram uma dieta hipocalórica, no entanto, com um bom perfil de ácidos graxos insaturados (oleico e alfa-linolenico – gorduras com propriedades anti-inflamatórias), além de micronutrientes com propriedades antioxidantes como vitaminas A, E, C, Zinco e Selênio. Mais preocupante ainda, uma dieta restrita em calorias não irá fornecer o aporte necessário dessas e tantas outras vitaminas e minerais, o que agrava ainda mais um possível quadro de deficiência, bastante comum entre a população brasileira e, não raro, entre indivíduos com alteração do peso.
Ainda, de acordo com o conceito de individualidade bioquímica proposto pela Nutrição Funcional, cardápios prontos estão fadados ao fracasso. Cada indivíduo possui suas hipersensibilidades alimentares, carências nutricionais, aversões e intolerâncias, devendo, portanto, haver uma dieta específica para tratar os desequilíbrios nutricionais de cada paciente.
Assim, não inicie dietas de outras pessoas ou que você leu na revista. Procure um NUTRICIONISTA profissional capacitado, que irá propor o melhor plano alimentar para você.
Nutrição funcional - Valeria Pascoal
domingo, janeiro 15, 2012
VINHO : Uma taça às refeições
"Vinho faz bem à saúde. " Existe mais verdade do que mito nessa afirmação. Se tudo que foi dito até aqui ainda não o convenceu de que o vinho deve fazer parte de sua vida, veja o que diz a ciência.
Você já ouviu falar em paradoxo francês? Não? Pois bem, em 17 de novembro de 1991, o programa 60 minutes, da rede de TV americana CBS, exibiu um estudo médico que comprovava estatísticamente que o povo francês, apesar da dieta calórica, com muita gordura, manteiga, molhos brancos e queijos fortes, apresentava baixos índices de doenças cardiovasculares. A explicação seria a presença do vinho na mesa francesa. O estudo fez enorme sucesso, embora esteja longe de representar uma unanimidade entre os pesquisadores. Estes apontam, entre outras coisas, a omissão do alho e da lactose como substâncias que, ao lado do vinho, poderiam colaborar com a boa saúde do francês.
De qualquer maneira, existe uma abundante literatura referente à bebida, incluindo Hipócrates, que faz alusão a seus benefícios. Não é raro, também, o vinho constar em dietas recomendadas por médicos para tratamento de cardiopatias e no controle do colesterol.
Creditam-se ao vinho benefícios como:
Aumento do HDL (colesterol bom) e diminuição do LDL (colesterol ruim): o vinho tinto é rico em polifenóis (flavonóides e não-flavonóides), que agem nos índices de colesterol e contribuem para manter a saúde das artérias. Os polifenóis provêm das cascas e sementes da uva.
Ação Antioxidante: quando se fala-se em saúde, fala-se principalmente em vinho tinto. As uvas Merlot, Cabernet Sauvignon, Tannat e outras são dotadas de resveratrol, um poderoso polifenol que, além de retardar o envelhecimento das células pela ação dos radicais livres, protege os neurônios, tem ação antiinflamatória e combate tumores. O resveratrol é uma espécie de antibiótico que faz parte do sistema de prteção de algumas plantas. Em condições adversas, como umidade excessiva, a videira produz esse antioxidante.
Regulação da pressão arterial: isso se deve à presença de potássio no vinho e ao baixo teor de sódio. Além disso, o vinho contém outros elementos importantes ao organanismo, como os sais minerais (cálcio, fósforo e zinco) e as vitaminas A, B e C.
Ainda: o conjunto de propriedades do vinho tem ação antidepressiva, relaxante, diurética e preventiva contra várias doenças.
É evidente que o consumo excessivo de álcool é nocivo. Especialistas só garantem os benefícios do vinho à saúde quando ingerido como parte da alimentação, ou seja, uma taça às refeições. Aí, sim, não tem erro.
Os Vinhos podem ser classificados:
1.Quanto a Classe:
1.1. De Mesa
É o vinho com graduação alcoólica de 10° a 13° GL. E estes se classificam em:
• Vinhos Finos ou Nobres: Os vinhos produzidos somente de uvas viníferas.
• Vinhos Especiais: Os vinhos mistos produzidos de uvas viníferas e uvas híbridas ou americanas.
• Vinhos Comuns: São os vinhos com características predominantes de variedades híbridas ou americanas.
• Vinhos Frisantes ou Gaseificados: São os vinhos de mesa com gaseificação mínima de 0,5 atmosferas e máxima de 2 atmosferas.
1.2. Leve - É o vinho com graduação alcoólica de 7° a 9,9° G.L. Elaborado de uvas viníferas.
1.3. Champanha - É o vinho espumante, cujo Anidrido Carbônico seja resultante unicamente de uma segunda fermentação alcoólica de vinho com graduação alcoólica de 10° a 13° G.L.
1.4. Licoroso - É o vinho doce ou seco, com graduação alcoólica de 14° a 18° G.L. Adicionado ou não de álcool potável, mosto concentrado, caramelo e sacarose.
1.5. Composto - É bebida com graduação alcoólica de 15° a 18° G.L., obtida pela adição ao vinho de macerados e/ou concentrados de plantas amargas ou aromáticas, substâncias de origem animal ou mineral, álcool etílico potável e açúcares. São o vermute, o quinado, o gemado, a jurubeba, a ferroquina e outros.
2. Quanto a Cor
2.1. Tinto - Elaborado a partir de variedades de uvas tintas. A diferença de tonalidade depende de tipo de fruto e maturidade.
2.2. Rosado - Produzido de uvas tintas, porém após breve contato, as cascas que dão a pigmentação ao vinho são separadas. Obtém-se também um vinho rosado pelo corte, isto é, pela mistura, de um vinho branco com um vinho tinto.
2.3. Branco - Produzido a partir de uvas brancas ou tintas, a fermentação é feita com a ausência das cascas.
3. Quanto ao Teor de Açúcar
3.1. Seco - Possui até 5 gramas de açúcar por litro.
3.2. Meio Doce - Possui de 5 gramas a 20 gramas de açúcar por litro.
3.3. Suave - Possui mais de 20 gramas de açúcar por litro.
Combinação de Vinhos e Alimentos
NO APERITIVO
Vinho branco seco ou vinho fortificado seco
(Porto White ou Dry White, Jerez Fino, Manzanilla ou Amontillado, Madeira Sercial, Marsala seco, etc.)
Espumante Brut
(Champagne, Sekt, Cava, Blanquete de Limoux, Champanha, etc.)
Vermute seco
NA SOBREMESA
Vinho Branco Doce de Qualidade
Sauternes, Alsace (Vendange Tardive e Séletion de Grains Nobles), Tokay e os alemães com os predicados ("mit Predikat"): Auslese, Beerenauslese, Trockenbeerenauslese e Eiswein
Vinho Fortificado Demi-sec ou doce
Porto (Ruby, Tawny, LBV, Vintage, etc.), Jerez (Amoroso, Oloroso ou Cream); Madeira (Verdelho, Boal ou Malmsey), Moscatel de Setúbal, Banyuls, Moscato d'Asti, Banyuls, Marsala, Málaga (Lagrima Christi), etc.
Espumante Demi-sec ou doce
Asti (italiano), Cava (espanhol), Champagne Doux (francês), Sekt Suß (alemão), Blanquete de Limoux (francês) e outros espumantes
COMO DIGESTIVO
Qualquer dos tipos anteriormente mencionados
Destilados de uva: Cognac, Armagnac e Marc (franceses), Bagaceira (portuguesa), Grapa (italiana), etc.
ÀS REFEIÇÕES
1. PEIXES E FRUTOS DO MAR
Grelhados ou em molho leve:
Espumante brut ou demi-sec ou Branco seco frutado jovem ou levemente maduro
Em molho forte:
Branco maduro de boa estrutura ou Rosé seco de qualidade ou
Tinto jovem de médio corpo
Bacalhau:
Tinto jovem ou de médio corpo ou Branco maduro;
Anchova, atum, salmão e sardinha:
Tinto jovem ou de médio corpo ou Branco maduro ou Rosado
2. CARNES BRANCAS
Grelhadas ou em molho leve:
Espumante brut ou Branco seco jovem de boa estrutura ou maduro ou Tinto jovem ou de médio corpo
Grelhadas em molho forte:
Tinto maduro de médio corpo a robusto
Caças de penas, pato e coq au vin:
Tinto maduro de médio corpo a robusto
Peru:
Tinto leve ou médio ou branco seco
Foie gras
Branco doce de alto nível (Sauternes, Tokay, etc.) ou fortificado doce (Porto Vintage, etc.) ou espumante de qualidade (Champagne Milesimé, etc.)
3. CARNES VERMELHAS
Grelhadas ou em molho leve:
Espumante brut ou tinto jovem leve ou de médio corpo
Em molho forte:
Tinto maduro de médio corpo a robusto
Caças de pêlo:
Tinto maduro robusto
4. MASSAS
Em molho leve ou branco
Espumante brut ou branco jovem ou maduro ou tinto jovem leve ou de médio corpo
Em molho condimentado ou vermelho
Espumante brut ou tinto maduro de médio corpo a robusto
5. QUEIJOS
Fresco de massa mole (Frescal, Ricota, Requeijão) - Branco ou tinto jovem e leve
Fresco de massa filada (Mozzarela) - Branco ou tinto jovem e leve
Maturado de massa mole (Brie, Camambert e Coulommiers) - Branco maduro ou tinto jovem a maduro encorpado
Maturado de massa filada (Provolone) - Branco maduro ou tinto jovem ou pouco envelhecido
Maturado de massa semidura (Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit, Port-Salut) - Tinto maduro de bom corpo
Maturado de massa cozida (Roquefort, Gorgonzola, Stilton, Danablue) - Tinto maduro robusto ou branco doce superior ou fortificado doce
Maturado de massa semidura (Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit, Port-Salut) - Tinto jovem ou pouco velho
Maduro de massa dura (Parmesão, Pecorino) - Tinto maduro robusto ou fortificado
Observação:
Os Espumantes de qualidade, em especial os Champagnes, combinam com todos os tipos de queijo
ALIMENTOS QUE NÃO COMBINAM VINHO
O assunto é extremamente polêmico e os alimentos aqui mencionados são citados em diversas fontes na literatura enogastronômica.
Na opinião do autor alguns desses alimentos podem combinar com certos vinhos e estão sublinhados.
Temperos acentuados: curry, dendê, shoyu, wasabi, ,etc.
Alimentos ácidos: vinagre, limão, laranja, grapefruit, kiwi, etc.
Certas verduras e legumes: alcachofra, aspargo, couve, etc.
Outros: ovo, chocolate, sopa, feijoada, etc
Como comprar vinhos
Em supermercados
Algumas redes oferecem boas seções de vinhos, e algumas até contam com consultores especializados no assunto. Independentemente da marca ou do preço, alguns cuidados costumam ser desprezados pelos consumidores, mas são essenciais para uma boa compra.
Observe se o local destinado aos vinhos está adequado:
Protegido do sol, do calor, da umidade e de oscilações bruscas. Esses quatro fatores são inimigos do vinho.
Observe se as garrafas estão armazenadas na horizontal. Lembre-se de que as rolhas devem estar sempre em contato com o vinho para não ressecarem, o que permitiria a entrada de oxigênio.
Nunca pegue as garrafas que estão em pé. Elas foram posicionadas na vertical para exibir o rótulo e evitar que o consumidor toque nas demais na hora de escolher. Numa prateleira bem organizada, as garrafas armazenadas abaixo daquelas que estão em pé são do mesmo vinho.
Escolhido o vinho, pegue uma garrafa que está na horizontal, de preferência uma que esteja mais difícil de alcançar. Teoricamente, essa foi bem guardada.
Verifique as condições do rótulo. Se estiver embolorada ou danificado, é melhor descartar o vinho, pois isso indica que a garrafa ficou em local impróprio.
Verifique a rolha. Se estiver expandida para fora, alguma alteração deve ter ocorrido com a bebida. Despreze a garrafa.
Em lojas especializadas:
Uma loja de vinhos é, por si só, um local mais requintado, onde é possível encontrar produtos importados, alguns caríssimos. Por isso mesmo, costuma causar algum constrangimento em pessoas que querem apenas levar uma garrafa para acompanhar aquele espaguete despretensioso da noite. Bobagem. As lojas de vinhos precisam de você, e uma das razões é que a maioria das garrafas do estoque é de vinhos jovens, que não podem ficar esperando muito nas adegas, mesmo nas climatizadas. Basta passar alguns minutos observando os rótulos para ver que não só de produtos a preços proibitivos vive esse mercado.Há garrafas baratas e de qualidade.Conte sempre com o auxílio dos profissionais da casa para se informar sobre as características do vinho, como casta, país produtor, vinícola etc. Se quiser, informe ao atendente quanto pretende gastar. Assim, o relacionamento fica mais objetivo e eficiente.
Fique atento às degustações gratuitas oferecidas pela loja.Geralmente elas são promovidas pelo importador, pela própria loja ou pela vinícola com o objetivo de divulgar determinados vinhos. É uma boa oportunidade para ampliar seu repertório. Peça para incluir seu nome no mailing list da loja. Assim você será informado de promoções, cursos, degustações e novidades. A maioria das lojas oferece esse serviço.
Rótulo não é enfeite. Alguns são sóbrios e distintos; outros, modernos e coloridos. Qualquer que seja o estilo do rótulo, é importante observá-lo com atenção, pois nele estão algumas informações importantes para o consumidor.
Em geral, um rótulo contém:
Classificação: indica a qualidade do vinho. Cada país adota regras próprias de classificação. Algumas mais comuns: Vinho de Mesa, Vinho Regional, Vinho de denominação de Origem Controlada.
Contra-rótulo: pode conter informações sobre a vinícola, a uva, a safra e o método de vinificação. Inclui ainda o registro no Ministério da Agricultura, endereços, contatos etc.
Marca ou nome do produtor: é a assinatura do vinho.
Numeração: em reservas especiais, alguns produtores costumam numerar as garrafas e o lote.
Safra: o ano da colheita da uva. Se for uma grande safra, o preço do vinho é mais alto.
Teor alcoólico: uma pista importante sobre o corpo do vinho (leve, médio ou encorpado). Quanto maior o teor, mais encorpado tende a ser o vinho, embora outros fatores também contribuam para o corpo.
Uva: o nome da casta que predomina no vinho, caso seja um varietal. Em vinhos de corte ou assemblage, pode aparecer o nome de mais de uma uva.
Volume: quantos mililitros de vinho contém a garrafa. A maioria traz 750ml.
Só para constar: No Brasil, acontece uma coisa curiosa com os vinhos importados. Nossa legislação exige que se informem, na embalagem, os ingredientes do produto. Acontece que em outros países, como França, por exemplo, não existe essa obrigatoriedade. Para contornar o problema, os importadores costumam acrescentar um novo contra-rótulo à garrafa para atender às exigências internas. Muitas vezes, esse contra rótulo quebra a harmonia da garrafa, mas é absolutamente necessário.
As garrafas recebem uma proteção no gargalo, chamada de cápsula. O material da cápsula também deve ser observado, pois indica, em parte, a categoria da bebida.
Cápsula de Chumbo: usada em vinhos finos, de qualidade. Garante maior proteção e torna a garrafa esteticamente mais elegante, porém é mais cara para o produtor e não impede possíveis contaminações.
Cápsula de alupoli: mais barata que a de chumbo e usada em vinhos de segunda linha.Cápsula de plástico: usada em vinhos de mesa, tem baixo custo para o produtor, porém pode sofrer variação com o calor.
Só para constar: Estão começando a ser comercializados no Brasil as caixas de vinho, que armazenam entre quatro e cinco litros. Essas caixas preservam a bebida por cerca de trinta dias e são dotadas de uma válvula que impede a entrada de ar ao servir o vinho. É uma boa alternativa para aqueles que fazem questão de tomar uma taça por dia e não querem abrir uma garrafa para isso.
Acessórios :
Agora que voçê frequenta lojas especializadas, já pode pensar em adquirir alguns acessórios importantes para servir o vinho.
Do que voçê realmente precisa? Aqui é necessário falar um pouco mais dos copos.O formato deles auxilia a apreciação da bebida. O nível que o vinho a ser servido deve atingir é a parte de maior diâmetro da taça, para que a bebida tenha uma boa superfície para liberar os aromas. Estes vão atingir o nariz do apreciador na parte mais afunilada do copo, permitindo melhor identificação das nuances. Só isso bastaria para justificar a importância de se utilizar a taça correta.
A má notícia: ter uma boa coleção de taças para cada tipo de vinho custa caro, mesmo porque, nesse caso, não há como abrir mão do cristal, que é um material nobre.
A boa notícia: você não precisa ter uma coleção para cada tipo de vinho. Existe uma taça, a ISO (International Organization for Standardization), que é um achado em termos de desenho geométrico. Ela funciona bem para qualquer vinho, com exceção dos espumantes e champanhes, e é usada em degustações técnicas no mundo inteiro.
Outros acessórios que você deve ter:
Balde de Gelo: não é frescura, como muitos pensam. O balde de gelo é um acessório útil para manter a temperatura do champagne, espumante e vinho branco. Pode e deve ser levado à mesa, pois evita o abre e fecha da geladeira para manter a bebida fresca.
Colméia: compartimento para armazenar o vinho na horizontal. Existem móveis desenhados para esse fim, e há quem opte por utilizar tijolos vazados, de seis faces, pois oferecem boa proteção contra o calor e luz.
Corta-cápsula: serve para retirar a tampa da cápsula, aquela lâmina que envolve o gargalo e protege a rolha. (Vocêjá deve ter usado uma faca para cortar a cápsula.)
Saca-Rolhas: a rolha deve ser retirada com o mínimo de esforço possível, daí a importância de um bom saca-rolhas. Alguns modelos mais comuns: em forma de T, de alavanca única (preferido dos garçons), de alavanca dupla e os contra-roscas, considerados os melhores (os da marca Screwpull Le Creuset são os mais famosos). Opte por um saca-rolhas com revestimento de Teflon. Evite aqueles com eixo maciço, pois arrebentam a rolha.
Salva-Gotas: anel que deve ser colocado no gargalo da garrafa aberta. Ele impede que o vinho pingue na mesa ou escorra na garrafa ao ser servido.
Só para constar: Não é raro a rolha se partir na operação de retirada. Às vezes parte dela fica no saca-rolhas, e o restante no gargalo. Tente usar novamente o saca-rolhas. Se não conseguir, o jeito é empurrá-la para dentro da garrafa. Isso não traz nunhum prejuízo para o vinho, caso a rolha não esteja embolorada. Se as partículas da cortiça na taça incomodarem, retire-as e aproveite o vinho.
Adquira quando puder:
Adega climatizada: existem adegas climatizadas de vários tamanhos e capacidades. São o jeito mais seguro de preservar o vinho, mas custam caro e devem ser adquiridas apenas por quem já está suficientemente envolvido com vinho e pensa em iniciar um estoque.
Decantador: trata-se de uma jarra bojuda, para onde se transfere o vinho da garrafa. A operação chama-se "decantar" e serve para "arejar" vinhos tintos jovens, com taninos muito acentuados. Em alguns casos, o procedimento é feito para separar sedimentos (a borra) dispersos no vinho.
Fechador a vácuo: retira o ar e veda a garrafa. Usa-se para armazenar o vinho que sobrou, com o mínimo de prejízo de suas propriedades.
Termômetro: o modelo mais prático é aquele que abraça a garrafa como um bracelete. Alguns modelos informam a temperatura ideal para cada tipo de vinho e facilitam bastante a consulta.
Só para constar: Uma pergunta que se faz com frequência é por quanto tempo se pode guardar uma garrafa já aberta. A resposta é: por menos tempo possível. O contato com o oxigênio altera bastante as características da bebida, especialmente se não for um vinho fortificado ou generoso, como o do Porto. Se você não tiver um fechador a vácuo em casa, use a própria rolha e mantenha a garrafa na porta da geladeira. Consuma o vinho em dois dias, no máximo. Mas, pensando bem, não é tão difícil assim "enxugar" uma garrafa inteira, lembrando que essa é uma bebida que não se toma só.
Rolha, essa pequena maravilha:
Rolhas Longas informam que o vinho tem estrutura para envelhecer.
A Rolha natural é extraída do sobreiro, árvore comum na península Ibérica. De Portugal sai 50% de toda a cortiça do mundo.
Para extrair a cortiça de rolha é preciso respeitar o longo ciclo da árvore. A primeira extração é feita quando o sobreiro atinge 25 anos. Depois, é preciso esperar mais nove anos para fazer a segunda extração, e outros nove para finalmente obter a cortiça de rolha.
Muitas vinícolas têm preferido usar rolhas sintéticas ou tampas de rosca para vedar garrafas de vinhos jovens. Já para espumantes e vinhos de guarda, a rolha natural ainda é insubstituível.
domingo, dezembro 04, 2011
CONSUMO DO LEITE DE VACA: MITOS E REALIDADES
Atualmente, um dos produtos mais presente no hábito alimentar do ocidental é o leite e seus derivados. A aceitação do leite como alimento completo existe desde a nossa primeira refeição. Entretanto para podermos observar os efeitos do leite de vaca no nosso organismo devemos dissociar a ação do leite materno e do leite “não materno”, sendo esse o maior limitante para uma análise racional.
O leite materno é o alimento mais perfeito que existe no mundo. Sua composição é específica e sutilmente modificada de acordo com a necessidade do lactente13.
Em todos os mamíferos, os nutrientes e, em especial, as proteínas do leite produzido são para estimular, nesta espécie, o melhor crescimento e desenvolvimento orgânico e funcional.
Quanto mais evoluímos e a tecnologia nos oferece mais conhecimentos específicos sobre a composição e as funções do leite materno, mais esforço é despendido em relação ao aleitamento materno pelo maior tempo possível, onde já foram comprovados os inúmeros benefícios que isto trará para o resto da vida do bebê10, 11.
O leite materno é um líquido rico em gordura, proteína, carboidratos, minerais, vitaminas, enzimas e imunoglobulinas que protegem contra várias doenças. O leite materno é composto por 87% de água, sendo que os 13% restantes são uma poderosa combinação de elementos, fundamentais para o crescimento e desenvolvimento da criança, além de prepará-la adequadamente para aceitar e utilizar os alimentos que serão introduzidos gradualmente, a partir de um mecanismo imunológico perfeito, desenvolvido a partir das substâncias presentes no leite materno14. O leite humano é rico em leucócitos e anticorpos que protegem o bebê contra infecções e alergias, possue fatores de crescimento que aceleram a maturação intestinal, também previnindo alergias e intolerâncias. É rico em vitamina A que previne e/ou reduz a gravidade de algumas infecções e previne doenças oculares causadas por sua deficiência14. Além disto, um estudo na Suécia sobre a ação da caseína dos leites humano e de vaca, demonstrou que a caseína presente no leite humano é um dos componentes que ajuda a proteger as crianças contra infecções gastrintestinais, impedindo a adesão de más bactérias como a H. Pylori às células da mucosa intestinal humana, enquanto o mesmo não ocorreu com a caseína do leite de vaca9.
O leite de vaca também contém fatores imunológicos de ótima qualidade, mas para o bezerro. Esses fatores só funcionam para a mesma espécie. Mesmo que alguns destes fatores possam funcionar, serão destruídos pela armazenagem e fervura do leite14.
É importante analisarmos os nutrientes que constituem o leite materno e o leite de vaca para entendermos alguns paradoxos que existem em relação ao leite de vaca.
O leite materno é rico em ácidos graxos de cadeia longa, importante para o desenvolvimento e mielinização do cérebro. Ácido araquidônico e linoléico, fundamentais na síntese de prostaglandinas, existem em maiores concentrações no leite humano do que no leite de vaca14.
O principal açúcar do leite materno é a lactose porém, mais de 30 açúcares já foram identificados no leite humano, como a galactose, frutose e oligossacarídeos, com ação bifidogênica comprovadamente muito maior do que os do leite de vaca14.
O que mais diferencia o leite de vaca do humano, e por isso mesmo mais transtornos pode causar ao ser humano, é a composição de proteínas e o desequilíbrio entre os minerais.
As proteínas do leite humano são estruturais e qualitativamente diferentes das do leite de vaca. No leite humano, 80% do conteúdo proteico é de lactoalbumina. No leite de vaca esta mesma proporção é de caseína. A relação proteína do soro/caseína do leite humano é de 80/20, a do leite bovino é 20/8014.
A baixa concentração de caseína no leite humano resulta em uma formação de coalho gástrico mais leve, com flóculos de mais fácil digestão e com reduzido tempo de esvaziamento gástrico14. Além disso, o leite bovino contém a betalactoglobulina, uma proteína que não existe em leite humano e é comprovadamente a mais alergênica do leite de vaca para o ser humano, principalmente por não termos enzimas que digerem esta proteína.
Diversos estudos já demonstraram existir mais de 25 frações proteicas alergenicas em leite de vaca.
O leite humano também contém maiores quantidades de aminoácidos essenciais de alto valor biológico, como a cistina, e aminoácidos como a taurina que não tem em leite de vaca, e que são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso central. Isto é particularmente fundamental para os prematuros que não possuem enzimas necessárias para a formação da taurina14.
O leite de vaca ainda possue 3 vezes mais proteína que o leite humano, sendo chamado por alguns estudiosos de “carne líquida” 14, porém acidificando o pH sangüíneo e sobrecarregando o rim, quando consumido em alta quantidade e, ao contrário do que se imagina, aumentando a excreção urinária de cálcio.
Outro fator de desequilíbrio no leite bovino é a quantidade de cálcio que é 3 vezes maior que no leite materno, porém com desequilíbrio entre os minerais necessários para uma real utilização do cálcio, prejudicando sua biodisponibilidade. Isto não acontece no leite humano cuja quantidade e proporção de cálcio e dos demais minerais como magnésio, boro, manganês, facilitam a sinergia dos mesmos gerando uma utilização adequada e evitando microcalcificações15,17. A maior parte dos alimentos vegetais, que são boas fontes de cálcio, tem uma proporção parecida com a do leite humano e uma sinergia com os demais nutrientes necessários para sua biodisponibilidade15,17.
Em um estudo em Cambridge, Reino Unido, com 926 bebês que foram acompanhados por 5 anos, foi demonstrado que quanto maior o tempo de consumo do leite materno, maior o nível de mineralização óssea aos 5 anos, com uma diferença de até 38% em relação aos que receberam fórmulas infantis, apesar das mesmas terem uma proporção maior de cálcio12.
Tabela de Comparação do leite materno com outros leites
De: OMS/CDR/93.6
LEITE E DERIVADOS & ALERGIAS E HIPERSENSIBILIDADES
Inúmeros estudos demonstram a relação de leite e derivados com processos alérgicos por diversos mecanismos imunológicos3, ou seja alergias mediadas por IgE, clássica e normalmente com reações imediatas, porém essas são 1 a 2% das alergias alimentares, sendo a maior porcentagem em crianças até 3 anos.
A maior porcentagem das alergias alimentares são tardias e mediadas por IgG, principalmente, podendo desencadear sintomas de 2 horas a 3 dias após o contato com os alérgenos, sendo portanto de dificil diagnóstico18. Entre os alimentos mais alergênicos, o leite de vaca é o mais freqüente. Essa relação até já é feita pela maior parte dos profissionais da área da saúde atentos às causas das doenças, porém costuma-se ligar mais a intolerância à lactose. Sem dúvida esta intolerância é comum e pode desencadear transtornos funcionais gastrintestinais locais e por conseqüência também sistêmicos. Porém, não é a maior causa de doenças sistêmicas desencadeadas pelo leite de vaca. A maior relação dos derivados de leite com as alergias tardias se deve ao fato do organismo não digerir a beta-lactoglobulina. A caseína (80%), alfa-lactoalbumina e lactoglobulina são de dificuldade digestiva, principalmente a caseína.
As proteínas alergênicas dos lácteos provocam uma inflamação na mucosa intestinal causando alteração na permeabilidade da mesma, facilitando a passagem de macromoléculas e metais tóxicos, alé de favorecer a má absorção de nutrientes, gerando uma síndrome de má absorção. Como a mucosa intestinal é produtora de substâncias como serotonina, hormônios, enzimas digestivas, sua alteração prejudicará as funções executadas por essas substâncias que seriam produzidas e liberadas para a circulação para uma ação no organismo.
Além disso, as macromoléculas que conseguiram atravessar esta mucosa intestinal alterada, podem provocar uma reação do organismo no sentido de combatê-las pois são entendidas como antígenos (substâncias estranhas ao organismo), necessitando ser eliminadas. Para isso, além da ação dos fagócitos, poderá existir a formação de anticorpos e estímulo do sistema do complemento, havendo liberação de histaminas e de outros autacóides (substâncias quimicamente ativas), agregação plaquetária, além da produção de outras substâncias pró-inflamatórias como leucotrienos, citocinas etc18. Todas estas reações em conjunto, podem desencadear sintomas em diversos órgãos alvo (órgão de choque), podendo se manifestar por alterações físicas, mentais e/ou emocionais.
Diversos estudos comprovaram a relação de alergia tardia3,18, principalmente à leite de vaca com otite5, dermatite, rinite6, sinusite, bronquite asmática6, amigdalite, obesidade16, aumento da resistência à insulina, aumento na formação de muco, gastrite, enterocolite, esofagite, refluxo, obstipação intestinal2, enurese, enxaqueca8, fadigas inexplicáveis, artrite reumatóide7, falta de concentração4, hiperatividade (ADHD)4, dislexia, ansiedade e até mesmo depressão18.
No processo alérgico tardio, a histamina é liberada em pequena quantidade, não desencadeando sintomas alérgicos imediatos, porém, em quantidade pequena tem ação de relaxante cerebral16, dando sensação de conforto e relaxamento, ligando o alérgeno ingerido primeiramente ao prazer, muitas vezes gerando vício, e não aos problemas que ele trará depois de um tempo variável. Os sintomas tardios são relacionados com a necessidade de maior formação de imunocomplexos (em pequena quantidade nem sempre provoca sintomas alterados), e uma queda da serotonina16, levando à sensação de ansiedade, vontade de comer carboidrato, falta de saciedade, etc. Outro fator que pode gerar vício ao alimento sensibilizante é a fermentação que a microbiota poderá fazer da caseína, da beta-lactoglobulina (e também do glúten), produzindo substâncias que ocupam o lugar de aminas biológicas como serotonina, modificando o comportamento, podendo levar a sintomas como hiperatividade, excitação, e depois de um tempo variável à ansiedade e até mesmo depressão, porém, mais uma vez levando ao vício pelo fato de num primeiro momento gerar prazer. Estas substâncias são chamadas de exorfinas, já que tem origem externa ao organismo.
É importante entender que o processo alérgico tardio não se manifesta pela presença da substância alergênica e sim pelo consumo regular da mesma, normalmente em detrimento de uma nutrição adequada, gerando processos somatórios que favorecem o desencadeamento dos sintomas alergicos.
BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES
O desequilíbrio entre cálcio e magnésio também favorece sintomas de carência de magnésio como cãimbra, dores musculares, inchaço, dor de cabeça, cólica, tensão muscular, taquicardia, osteoporose, aumento da resistência à insulina entre outros, principalmente quando se acha que ao tomar um iogurte ou uma bebida láctea colorida, já comeu “também” a fruta, ou seja, aumento do consumo de lácteos e baixo consumo de frutas, legumes e verduras.
Além dos fatores já discutidos, a fermentação (por más bactérias e comensais) de proteina e gordura mal digerida, vai favorecer um pH alcalino no intestino que prejudica o desenvolvimento e a manutenção das boas bactérias e dimimue a absorção de minerais. Já no sangue, o consumo de proteína, gordura, açúcar, leite e derivados mantém um pH ácidificado, dificultando a ação e utilização dos minerais, inclusive do cálcio, ao mesmo tempo que aumenta sua excreção renal.
A fermentação de legumes, verduras e frutas (por boas bactérias e comensais) mantém um pH ácido intestinal, prejudicando o desenvolvimento de más bactérias e favorecendo a absorção do cálcio e dos outros minerais necessários para um bom funcionamento orgânico, inclusive manutenção da massa óssea.
No sangue, o metabolismo de legumes, verduras e frutas mantém o pH levemente alcalino, ideal para que as reações orgânicas aconteçam, favorecendo a biodisponibilidade do cálcio e, conseqüentemente, sua fixação no osso, já que não precisa ser usado como tampão dos íons ácidos vindos da dieta1.
O maior problema do consumo de alta quantidade de cálcio, sem o equlíbrio com os demais nutrientes, principalmente o magnésio, é a possibilidade de microcalcificações a partir do cálcio circulante que não conseguiu fixar-se no osso, causando artrite, bursite, cálculos, nódulos, esporão,etc15,17.
É bom lembrar que para fazer o queijo, normalmente se concentra cerca de 10 vezes o leite, concentrando ainda mais as proteínas alergênicas e o cálcio, em detrimento do magnésio.
O pH normal do sangue varia entre 7,3 e 7,4, sendo levemente alcalino. É nesta faixa que as funções orgânicas podem ter um “ótimo” desempenho.
Pelo processamento que os alimentos sofrem durante a digestão, podem gerar substâncias alcalinizantes ou acidificantes.
São alcalinizantes as frutas, os legumes e as verduras, na sua maioria.
São acidificantes o leite, o açúcar, as carnes, a cafeína, as gorduras, o álcool e aditivos químicos contidos em alimentos industrializados.
Se o pH sangüíneo estiver ácido precisará ocorrer uma adaptação do organismo para equilibrar o mesmo. Além de gerar um estresse, ocorrerá uma maior excreção urinária de cálcio1.
Para a prevenção e mesmo tratamento da osteoporose, tão importante quanto a ingetão de boas fontes de cálcio e de todos os nutrientes que agem em conjunto com o mesmo, é a não ingestão ou o baixo consumo do que diminue a absorção do cálcio ou que aumentem a sua excreção urinária e fecal, como cafeína, álcool, aditivos químicos e excesso de: sal, açúcar, proteína, gordura, fitatos e oxalatos17.
Se analisarmos todas estas questões em conjunto, iremos percerber que o maior problema não está no consumo de leite e sim no alto consumo (consciente ou não) do mesmo e de seus derivados, em detrimento de alimentos fontes dos outros minerais necessários para o equlíbrio orgânico. Esse desequilíbrio facilita as reações alérgicas, intoxicação e transtornos funcionais, inclusive osteoporose.
Há poucas décadas atrás o consumo do leite fazia parte da alimentação das pessoas em pequena quantidade (aproximadamente 1 copo por dia). Não existiam essa enormidade de produtos industrializados e a alimentação era mais natural e rica em nutrientes, além de ser valorizada e priorizada, com muito menos estresse físico, mental e emocional, havendo um equilíbrio orgânico muito maior que possibilitava o organismo se defender de substâncias estranhas à ele.
A própria qualidade do leite sofreu modificações com a necessidade de utilizar recursos pró-produtividade como hormônios (hormônio de crescimento bovino), antibióticos (tratamento de mastites), pasteurização, manutenção de bactérias resistentes aos antibióticos, bactérias mortas, metabólitos dos medicamentos, etc. A discussão desses fatores, por si só, é assunto de um outro artigo, mostrando as possíveis interferências dos mesmos, que poderiam passar para o organismo humano pelo leite de vaca, aumentando os riscos de interferência na saúde e do potencial imunoestimilante que poderão desencadear.
Hoje em dia existe um consumo direto até menor do leite, porém extremamente aumentado dos seus derivados. Pior ainda é o consumo do leite utilizado nos produtos industrializados sem, na maior parte das vezes, sabermos que os mesmos estão presentes. O leite é uma fonte de proteína e gordura barata, por isso serve de insumo em quase todas as áreas da indústria alimentícia.
Teoricamente a manteiga não causaria os mesmos problemas dos outros derivados do leite por ser composta basicamente de gordura, tendo na sua composição ácido butírico que ajuda a previnir crescimento de fungos e cândida. Ainda na sua composição tem o CLA que, entre outras funções ainda em estudo, ajuda a manter a saciedade.
É importante observar que não é por acaso que os países onde o consumo de laticínios per capita é alto, também são altos os índices de obesidade, câncer e osteoporose. O inverso é verdadeiro. Países com baixo consumo per capita de laticínios como Japão, China e outras regiões asiáticas, tem os menores índices de obesidade, câncer e osteoporose.
Depois desta análise, fica claro que existe sim uma radicalização: a do consumo polarizado de leite e derivados em detrimento de alimentos naturalmente mais saudáveis e equilibrados nutricionalmente.
Talvez a resposta para a longevidade com qualidade de vida esteja em hábitos alimentares com menos produtos industrializados e aditivos químicos e o retorno ao consumo de alimentos mais saudáveis dados de presente pela “mãe” natureza, incluindo o consumo de leite de vaca, porém em quantidades equilibradas para cada um, respeitando a nossa capacidade de defesa e uma individualidade bioquímica, na qual as pessoas lidam de maneira diferente com os mesmos alimentos.
PARA ENTENDER MELHOR ESSA ALERGIA AO LEITE DE VACA, PROCURE UM NUTRICIONISTA FUNCIONAL.
Artigo escrito pela minha querida professora da Pós graduação em Nutrição Funcional
Dra. Nut. Denise Carreiro
Referência Bibliográfica
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10- Saarinen UM and Kajosaari M - Breastfeeding as prophylaxis atopic disease: a prospective follow-up study until 17 years old. The Lancet, 1995;346: 1065-1069.
11- Pollack JI. Associações de longa duração com a alimentação infantil em uma população de bebes clinicamente comprometidos. Development Medicine and Child Neurology, 1994;36: 429-440.
12- Bishop NJ, Dahlenburg, Fewtrell MS, Morley R, Lucas A. Early diet of preterm infants and bone mineralization, Acta Pediatric, 1996;85: 230-236.
13- Ctenas, MLB, Vitolo, MR.Crescendo com Saúde: o guia de crescimento da criança. São Paulo: C2 Editora e Consultoria em Nutrição Ltda, 1999.
14- Composição do leite materno. Disponível em URL http:// www.aleitamento.org.br/composi.htm
15- Murray, M. T. Encyclopedia of nutritional supplements. Rocklin: Prima Health,1996. 488p.
16-Lin, R. Y., Schwartz, L. B., Curry, A. et al. Histamine and tryptase levels in patients with acute allergic reactions: Na emergency department-based study. J.Allergy Clin. Immunol. 106(1 Pt 1): 65-71, 2000.
17-Rena, RJM. A Mulher e a Osteoporose: Como prevenir e controlar. São Paulo: Iátria, 2003.
18- Brotoff, J, Gamlin, L. Food allergies and food intolerance. Bloomsbury: Vermont, 2000. 414p.
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
INTRODUÇÃO
Hipócrates, o pai da medicina, que viveu na Grécia há 2400 anos atrás, afirmava que as doenças originavam-se da natureza e por ela poderiam ser curadas, através de um equilíbrio com o meio ambiente, os alimentos ingeridos e com a paz de espírito.
A alimentação é um dos fatores comportamentais que mais influencia a nossa qualidade de vida. Um dos hábitos mais arraigados do ser humano é sem dúvida, o hábito alimentar, que pode ser influenciado por crenças e modismos, muitas vezes sem respaldos científicos atualizados.
Nos últimos 30 ou 40 anos, nossos hábitos sofreram grandes transformações. Nos alimentamos de forma diferente, respiramos um ar diferente, estamos em contato com substâncias sintéticas que nem existiam até então. Nos movimentamos cada vez menos e ainda somos obrigados a absorver cada vez mais informações e a lidar com emoções e desafios constantes no nosso dia a dia. Nosso sistema digestivo e neurológico, em conjunto com o sistema imunológico, estão em sobrecarga.
Todas essas mudanças foram rápidas demais para o tempo que o nosso organismo precisaria para se adequar a estes novos costumes. Podemos amenizar alguns fatores ambientais e/ou emocionais porém sempre com várias limitações. Devemos, então, interferir nos hábitos e processos alimentares para efetivamente nutrir a célula, inclusive, dando suporte para os fatores que pouco podemos interferir.
A qualidade da nossa alimentação tem nos causado problemas funcionais pois, diversas vezes, temos que lidar com excessos de substâncias estranhas, ao mesmo tempo que sofremos com a insuficiência de nutrientes essenciais para executar nossas funções orgânicas, inclusive de defesa, gerando desequilíbrios físicos, mentais e emocionais.
A evolução da ciência da Nutrição nos mostra, cada vez mais, como os nutrientes, presentes naturalmente nos alimentos, formam nossas células e nos fazem funcionar em todos os níveis. Com base em mais estes conhecimentos, somando a alimentação adequada, a inclusão freqüente de alimentos funcionais e quando necessária a suplementação nutricional, conseguiremos efetivamente nutrir a célula e deixar que ela, naturalmente, execute suas funções, prevenido doenças e promovendo saúde, que é o nosso maior objetivo.
Existem certos conceitos que já se perderam em função do tempo e de informações conflitantes, que nos atropelam no dia a dia e muito mais nos confundem do que nos esclarecem quanto às boas regras da alimentação.
Hoje em dia os tratamentos de saúde são mais voltados para os sintomas ( doenças ) do que para as suas causas, sejam elas alimentares, hereditárias, ambientais, iatrogênicas etc. Vários fatores, em conjunto ou isoladamente, podem estar causando os sintomas da doença, e se as causas básicas não forem detectadas, o paciente vai apenas amenizar temporariamente os sintomas e, às vezes, até trocar de sintoma, porém, não resolverá o problema. São os tratamentos voltados para a doença e não para o indivíduo que a desenvolveu.
NUTRIÇÃO CLÍNICA FUNCIONAL
Os nutrientes presentes nos alimentos são a fonte natural de matéria prima para a formação, manutenção e reestruturação celular.
Sob o aspecto celular, o que somos hoje não é o que fomos há 1 ano atrás e nem o que seremos daqui há um ano. Nosso organismo é formado por 100.000.000.000.000 (cem trilhões) de células e destas, 50 milhões são substituídas diariamente4, conseqüentemente a matéria prima que fornecemos para esta formação celular é determinante do resultado que teremos. Cada célula do organismo precisa de, pelo menos, 45 nutrientes conhecidos para desempenhar sua função.
A maneira como os nutrientes tornam-se parte integrante do nosso organismo e contribuem para o seu funcionamento depende dos processos bioquímicos e fisiológicos que determinam suas ações.
A simples ingestão do alimento não garante que seus nutrientes estarão biodisponíveis, isto é, que estes nutrientes possam estar disponíveis para serem utilizados pelas células. Para que isso realmente ocorra, é fundamental que além de uma quantidade e qualidade ideal de "matéria prima", também existam condições químicas e fisiológicas ideais para o alimento ser quebrado, os nutrientes resultantes dessa quebra serem absorvidos, transportados, e utilizados pelas células do organismo. Também é necessário, que os produtos resultantes deste processo, que não serão utilizados pelo organismo, consigam ser excretados, assim como as substâncias tóxicas que possam ter sido ingeridas junto aos alimentos.
Se uma dessas etapas do metabolismo não funcionar direito, mesmo com uma alimentação adequada, o organismo apresentará carências nutricionais e, conseqüentemente, funcionais. Pois, na medida em que faltar matéria prima para o organismo, algumas das suas funções serão prejudicadas. A utilização do alimento pelo organismo depende de um processo que envolve:
Ingestão, Digestão, Absorção, Transporte, Utilização e Excreção.
PRINCÍPIOS DA NUTRIÇÃO FUNCIONAL:
- Individualidade bioquímica
Tratamento centrado no paciente e não na doença
Equilíbrio nutricional & Biodisponibilidade dos nutrientes
Interferência de fatores externos na saúde orgânica
Saúde como vitalidade positiva e não simplesmente como ausência de doenças: Equilíbrio Físico, Mental e Emocional
ANAMNESE FUNCIONAL:
Didaticamente, a anamnese será apresentada em tópicos e as questões levantadas, embora sejam comuns a vários tópicos, serão feitas uma só vez e analisadas em conjunto para os fins necessários.
Individualidade Bioquímica
Segundo o Dr Roger j. Williams, Ph.D., individualidade bioquímica é:
“Um conjunto único de fatores genéticos de um indivíduo que controla seu metabolismo, suas necessidades nutricionais e suas sensibilidades ambientais”6.
Essa individualidade bioquímica irá nortear uma terapia para cada paciente, e a relação nutricionista/paciente é essencial e determinante para detectar e atuar efetivamente nos processos que estão desequilibrando o paciente em questão.
A anamnese funcional é uma ferramenta utilizada para avaliar todos os processos que determinam e que influenciam o quadro atual do paciente.
Tratamento centrado no paciente e não na doença
A hereditariedade é importante na história do indivíduo, porém, a expressão de um gene depende 70% a 75% da influência do meio ambiente, sendo determinada, portanto, pelo fenótipo. Segundo o Dr Jeffrey S. Bland, Ph.D., autor do livro Genetic Nutritioneering: as interferências ambientais, nutricionais e comportamentais modificam a expressão de um gene2.
O levantamento da história familiar de morbidades e longevidade, da história pessoal de patologias e medicamentos utilizados freqüentemente, da exposição ao ambiente e tipo de trabalho do indivíduo, dos seus hábitos alimentares, sinais e sintomas clínicos (desenvolvidos no passado e atualmente), hábitos de vida (fumo, sono, drogas...), atividade física e estresse mental e ou emocional dão uma característica individual aos sintomas desenvolvidos por este paciente e nos orientam a tratar as causas destes sintomas.
Equilíbrio nutricional & Biodisponibilidade dos nutrientes
Ingestão, Digestão, Absorção, Transporte, Utilização e Excreção.
Alimento não é caloria, é matéria prima que também fornece energia. A quantidade e a qualidade da composição da nossa alimentação, assim como a biodisponibilidade dos nutrientes, determinam o funcionamento adequado do organismo em todos os níveis.
Os nutrientes agem em conjunto, sendo que, um depende da presença do outro para que a sua ação seja efetiva. Portanto, o que pode desequilibrar a alimentação são os excessos e/ou as carências nutricionais.
Como os nutrientes, em geral, agem em conjunto, a carência de qualquer nutriente essencial, mesmo aquele necessário em quantidades irrisórias, pode determinar a alteração do equilíbrio geral do organismo. É o que diz a “lei do mínimo”: o nutriente que está em menor quantidade, proporcionalmente, determina o desempenho total do organismo6.
Ingestão: O que, quando, como, quanto e com o que comer.
Avaliar a qualidade e a quantidade dos alimentos ingeridos, intervalo entre as refeições, a frequência de consumo, monotonias alimentares, combinações, preferências, aversões e ingestão hídrica, nos darão indicadores do equilíbrio nutricional (excessos e/ou carências de nutrientes). Permitirão, também, a avaliação da ingestão freqüente de substâncias químicas, agrotóxicos, nicotina, poluentes ambientais, metais pesados; excesso de cafeína, açúcar refinado, álcool, estresse oxidativo ( falta de matéria prima antioxidante e excesso de oxidantes); consumo freqüente de alergenos alimentares e facilitadores de endotoxinas (por ex. intestinais, como nitrosaminas). Todas estas substâncias poderão desencadear o aparecimento de mediadores como: eicosanóides, citocinas, histaminas (e outros autacóides), espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (EROs e ERNs), assim como desequilíbrios na formação e na ação de hormônios, neuropeptídeos e neurotransmissores, promovendo desequilíbrios orgânicos que podem se traduzir em condições clínicas patológicas.
Nas ultimas décadas, houve um aumento da oferta da variedade de alimentos, porém, com uma redução na qualidade nutricional destes, causadas por vários fatores cujos principais são:
-Empobrecimento da quantidade de nutrientes do solo;
-Forte presença de produtos químicos nas lavouras;
-Contaminação das águas, tanto para irrigação quanto para o consumo;
-Perda nutricional causada por armazenamento, transporte e manuseio impróprios;
-Perda de nutrientes e contaminação química causadas pela industrialização dos alimentos;
Em paralelo, nosso organismo sofreu modificações neste período, passando a exigir uma maior quantidade de nutrientes para lidar com os desequilíbrios gerados por situações como:
-Poluição ambiental;
-Estresse físico e emocional;
-Maior consumo de alimentos com fatores antinutricionais;
-Maior consumo de alimentos industrializados.
Atualmente, existem mais de 2000 substâncias químicas sendo utilizadas nos alimentos industrializados. Estas substâncias podem causar reações adversas no nosso organismo, principalmente se consumidas com freqüência.
Estes aditivos são classificados pelas seguintes funções: acidulantes, antioxidantes, antiumectantes, aromatizantes, conservantes, corantes, estabilizantes, espessantes, umectantes e uma grande utilização de Glutamato Monossódico para realçar o sabor dos alimentos.
Digestão:
Avaliar os fatores que podem interferir na quebra dos alimentos, como por exemplo: a mastigação; o meio ácido gástrico (diminuição da produção e/ou diluição do ácido clorídrico, ou utilização de medicamentos como omeprazol que inibe a produção de ácido clorídrico); produção e ação adequada das enzimas digestivas (salivares, gástricas, intestinais e pancreáticas) e do ácido bilear, bicarbonato; e estresse (aumento de liberação de adrenalina).
Sintomas como: flatulência, erutação, azia, queimação, sensação de “empachamento”, estufamento, “digestão parada”, dores e inchaços abdominais indicam uma má digestão dos alimentos. O entendimento dos fatores que estão causando este processo determinará o tratamento.
Absorção:
É necessário avaliar os fatores que poderão interferir na absorção dos nutrientes ingeridos, como por exemplo:
- Mastigação. A quebra e digestão dos alimentos começa na boca, e só haverá absorção adequada com mastigação adequada. A boa mastigação estimula a continuidade da digestão no estômago (que não tem “dentes”), pois os alimentos chegam mais fracionados e facilitam a ação das enzimas gástricas.
- A ingestão de líquidos com a refeição e na primeira hora após a mesma, além de “empurrar” o alimento, causa uma diluição do meio ácido gástrico necessário para a ação das enzimas digestivas, absorção dos nutrientes e destruição de bactérias nocivas ao nosso organismo.
- Comer rápido, estressado ou nervoso, por exemplo, aumenta a liberação de adrenalina que prepara o organismo para “lutar ou fugir”, desviando o sangue para as extremidades do corpo e inibindo a digestão e conseqüentemente a absorção dos nutrientes.
- A ingestão de drogas que interferem na absorção dos nutrientes e/ou aumentam sua excreção.
- A presença de fungos e parasitas pode causar inflamações e infecções intestinais que geram transtornos de absorção1.
- O equilíbrio entre as boas e más bactérias do sistema digestório, que evita a disbiose intestinal, é necessário para a saúde orgânica funcional. A boa flora intestinal é importante para: aumentar a absorção dos nutrientes; ativar o sistema imunológico; combater as más bactérias (por competição e por produção de antibióticos naturais); manter integridade da parede intestinal; produzir vitaminas como vit K, vit B12, vit B5, Vit B6, ácido fólico e biotina; produzir ácidos graxos de cadeia curta; melhorar o processo digestivo; combater a Helicobacter pylori; promover uma ação anti-cancerígena; regular o colesterol e auxíliar o tratamento de alergias alimentares.
- A manutenção da integridade da parede intestinal é fundamental para a seleção natural dos nutrientes que serão absorvidos, e para a inibição da absorção de macromoléculas estranhas ao organismo. Esta integridade da mucosa intestinal é necessária também para a produção de várias substâncias, feita pelos enterócitos, como: enzimas digestivas, hormônios e vários neurotransmissores, inclusive serotonina, que conferem ao intestino a condição de “segundo cérebro”. O intestino é o único órgão que contém um sistema nervoso capaz de medir reflexos na total ausência de informações do cérebro ou da medula espinhal. O número de neurônios neste sistema entérico é de cerca de 100 milhões, quase o mesmo que em toda medula espinhal.
A integridade funcional do intestino também é fundamental para o sistema imunólogico, pois componentes da mucosa intestinal como IgA secretora, tecido linfóide intestinal (GALT) e células efetoras como macrófagos, mastócitos e linfócitos (¼ das células do intestino)5 atuarão intensamente no combate às substâncias estranhas ao organismo, inclusive alimentos mal digeridos. O intestino é um dos principais órgãos que atuam na detoxificação do organismo3. É também o sistema que mais está exposto ao meio ambiente (250m2)4 e, portanto, é mais sensível às substâncias agressivas, além de ser dotado de uma enorme capacidade de selecionar os nutrientes necessários ao funcionamento do organismo e impedir a absorção dos seus agressores. Daí a importância da integridade fisiológica e funcional deste sistema.
Portanto, sem saúde intestinal não existe equilíbrio funcional.
Transporte
A carência proteica (comum em vegetarianos restritos ou em algumas cirurgias da obesidade) pode facilitar a diminuição de proteínas transportadoras e, mesmo se houver uma ingestão adequada de vitaminas e minerais, estas não serão transportadas até a célula.
Utilização
É muito comum pensarmos em carência de cálcio quando se trata de osteoporose. Porém, muitas vezes, o que realmente ocorre é uma falta de utilização do mesmo, gerada pela carência dos nutrientes que agem em conjunto com o cálcio e são necessários para a fixação do mesmo no osso. Apesar de haver uma quantidade suficiente de cálcio, e as vezes até em excesso, ele não consegue ser utilizado pelo osso e ainda pode ser acumulado em tecidos moles ou até mesmo formar cálculos. Portanto, através da avaliação de hábitos alimentares e de todos os fatores já comentados teremos maior probabilidade de tratarmos as causas do problema e, no caso do exemplo acima, evitar que o paciente seja tratado apenas com uma suplementação de cálcio e vitamina D, que mais prejudicam do que resolvem o processo.
Excreção
Os produtos resultantes do metabolismo, que não serão utilizados pelo organismo e/ou qualquer substância que possa causar danos orgânicos (xenobióticos), sejam elas originadas externamente ou internamente, precisam ser excretados. Além da avaliação de uma excreção adequada via urinária, fecal, trato respiratório e pele, também é determinante a integridade dos órgãos de detoxificação, principalmente, do fígado e do intestino.
A detoxificação é o processo biológico pelo qual o organismo transforma xenobióticos, originários de fontes externas ou internas, em substâncias que possam ser excretadas. Embora a detoxificação possa ser feita em todos os tecidos e órgãos, o principal deles é o fígado2, seguido pelo intestino.
Existem vários nutrientes que dão suporte à detoxificação. Quanto mais substâncias estranhas ao organismo forem absorvidas, e quanto menos houver suporte nutricional adequado, maiores as possibilidades de intoxicação orgânica e conseqüentes desequilíbrios funcionais.
Interferência de fatores externos na saúde orgânica
O meio no qual o indivíduo vive, a poluição ambiental, o estresse (físico, mental e emocional), o tipo de trabalho exercido por ele, a exposição regular à metais tóxicos (chumbo, mercúrio e cádmio por exemplo), entre outros fatores, precisam ser analisados, pois irão interagir com o organismo e influenciar o seu funcionamento. A individualidade bioquímica faz com que as reações orgânicas, diante dos mesmos fatores, sejam diferentes de uma pessoa para a outra e até para a mesma pessoa em momentos diferentes.
Saúde como vitalidade positiva e não simplesmente como ausência de doenças: Equilíbrio Físico, Mental e Emocional
A análise de sinais e sintomas físicos (intestino preso/diarréia, azia, dor de cabeça, cansaço, dores musculares, queda de cabelo, língua branca, aftas, infecções recorrentes etc), mentais (falta de concentração, de memória, hiperatividade mental etc) e emocionais (ansiedade, depressão, irritabilidade etc), aliada a todos os outros fatores analisados nos permitirão entender melhor as causas e as interrelações entre as mesmas. A partir desta avaliação, conscientizar o paciente e orientá-lo de maneira efetiva para uma mudança no processo que determinará os resultados, tratando os problemas já existentes, promovendo a saúde integral e previnindo doenças, otimizando o seu potencial genético.
Referência Bibliográfica
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Hipócrates, o pai da medicina, que viveu na Grécia há 2400 anos atrás, afirmava que as doenças originavam-se da natureza e por ela poderiam ser curadas, através de um equilíbrio com o meio ambiente, os alimentos ingeridos e com a paz de espírito.
A alimentação é um dos fatores comportamentais que mais influencia a nossa qualidade de vida. Um dos hábitos mais arraigados do ser humano é sem dúvida, o hábito alimentar, que pode ser influenciado por crenças e modismos, muitas vezes sem respaldos científicos atualizados.
Nos últimos 30 ou 40 anos, nossos hábitos sofreram grandes transformações. Nos alimentamos de forma diferente, respiramos um ar diferente, estamos em contato com substâncias sintéticas que nem existiam até então. Nos movimentamos cada vez menos e ainda somos obrigados a absorver cada vez mais informações e a lidar com emoções e desafios constantes no nosso dia a dia. Nosso sistema digestivo e neurológico, em conjunto com o sistema imunológico, estão em sobrecarga.
Todas essas mudanças foram rápidas demais para o tempo que o nosso organismo precisaria para se adequar a estes novos costumes. Podemos amenizar alguns fatores ambientais e/ou emocionais porém sempre com várias limitações. Devemos, então, interferir nos hábitos e processos alimentares para efetivamente nutrir a célula, inclusive, dando suporte para os fatores que pouco podemos interferir.
A qualidade da nossa alimentação tem nos causado problemas funcionais pois, diversas vezes, temos que lidar com excessos de substâncias estranhas, ao mesmo tempo que sofremos com a insuficiência de nutrientes essenciais para executar nossas funções orgânicas, inclusive de defesa, gerando desequilíbrios físicos, mentais e emocionais.
A evolução da ciência da Nutrição nos mostra, cada vez mais, como os nutrientes, presentes naturalmente nos alimentos, formam nossas células e nos fazem funcionar em todos os níveis. Com base em mais estes conhecimentos, somando a alimentação adequada, a inclusão freqüente de alimentos funcionais e quando necessária a suplementação nutricional, conseguiremos efetivamente nutrir a célula e deixar que ela, naturalmente, execute suas funções, prevenido doenças e promovendo saúde, que é o nosso maior objetivo.
Existem certos conceitos que já se perderam em função do tempo e de informações conflitantes, que nos atropelam no dia a dia e muito mais nos confundem do que nos esclarecem quanto às boas regras da alimentação.
Hoje em dia os tratamentos de saúde são mais voltados para os sintomas ( doenças ) do que para as suas causas, sejam elas alimentares, hereditárias, ambientais, iatrogênicas etc. Vários fatores, em conjunto ou isoladamente, podem estar causando os sintomas da doença, e se as causas básicas não forem detectadas, o paciente vai apenas amenizar temporariamente os sintomas e, às vezes, até trocar de sintoma, porém, não resolverá o problema. São os tratamentos voltados para a doença e não para o indivíduo que a desenvolveu.
NUTRIÇÃO CLÍNICA FUNCIONAL
Os nutrientes presentes nos alimentos são a fonte natural de matéria prima para a formação, manutenção e reestruturação celular.
Sob o aspecto celular, o que somos hoje não é o que fomos há 1 ano atrás e nem o que seremos daqui há um ano. Nosso organismo é formado por 100.000.000.000.000 (cem trilhões) de células e destas, 50 milhões são substituídas diariamente4, conseqüentemente a matéria prima que fornecemos para esta formação celular é determinante do resultado que teremos. Cada célula do organismo precisa de, pelo menos, 45 nutrientes conhecidos para desempenhar sua função.
A maneira como os nutrientes tornam-se parte integrante do nosso organismo e contribuem para o seu funcionamento depende dos processos bioquímicos e fisiológicos que determinam suas ações.
A simples ingestão do alimento não garante que seus nutrientes estarão biodisponíveis, isto é, que estes nutrientes possam estar disponíveis para serem utilizados pelas células. Para que isso realmente ocorra, é fundamental que além de uma quantidade e qualidade ideal de "matéria prima", também existam condições químicas e fisiológicas ideais para o alimento ser quebrado, os nutrientes resultantes dessa quebra serem absorvidos, transportados, e utilizados pelas células do organismo. Também é necessário, que os produtos resultantes deste processo, que não serão utilizados pelo organismo, consigam ser excretados, assim como as substâncias tóxicas que possam ter sido ingeridas junto aos alimentos.
Se uma dessas etapas do metabolismo não funcionar direito, mesmo com uma alimentação adequada, o organismo apresentará carências nutricionais e, conseqüentemente, funcionais. Pois, na medida em que faltar matéria prima para o organismo, algumas das suas funções serão prejudicadas. A utilização do alimento pelo organismo depende de um processo que envolve:
Ingestão, Digestão, Absorção, Transporte, Utilização e Excreção.
PRINCÍPIOS DA NUTRIÇÃO FUNCIONAL:
- Individualidade bioquímica
Tratamento centrado no paciente e não na doença
Equilíbrio nutricional & Biodisponibilidade dos nutrientes
Interferência de fatores externos na saúde orgânica
Saúde como vitalidade positiva e não simplesmente como ausência de doenças: Equilíbrio Físico, Mental e Emocional
ANAMNESE FUNCIONAL:
Didaticamente, a anamnese será apresentada em tópicos e as questões levantadas, embora sejam comuns a vários tópicos, serão feitas uma só vez e analisadas em conjunto para os fins necessários.
Individualidade Bioquímica
Segundo o Dr Roger j. Williams, Ph.D., individualidade bioquímica é:
“Um conjunto único de fatores genéticos de um indivíduo que controla seu metabolismo, suas necessidades nutricionais e suas sensibilidades ambientais”6.
Essa individualidade bioquímica irá nortear uma terapia para cada paciente, e a relação nutricionista/paciente é essencial e determinante para detectar e atuar efetivamente nos processos que estão desequilibrando o paciente em questão.
A anamnese funcional é uma ferramenta utilizada para avaliar todos os processos que determinam e que influenciam o quadro atual do paciente.
Tratamento centrado no paciente e não na doença
A hereditariedade é importante na história do indivíduo, porém, a expressão de um gene depende 70% a 75% da influência do meio ambiente, sendo determinada, portanto, pelo fenótipo. Segundo o Dr Jeffrey S. Bland, Ph.D., autor do livro Genetic Nutritioneering: as interferências ambientais, nutricionais e comportamentais modificam a expressão de um gene2.
O levantamento da história familiar de morbidades e longevidade, da história pessoal de patologias e medicamentos utilizados freqüentemente, da exposição ao ambiente e tipo de trabalho do indivíduo, dos seus hábitos alimentares, sinais e sintomas clínicos (desenvolvidos no passado e atualmente), hábitos de vida (fumo, sono, drogas...), atividade física e estresse mental e ou emocional dão uma característica individual aos sintomas desenvolvidos por este paciente e nos orientam a tratar as causas destes sintomas.
Equilíbrio nutricional & Biodisponibilidade dos nutrientes
Ingestão, Digestão, Absorção, Transporte, Utilização e Excreção.
Alimento não é caloria, é matéria prima que também fornece energia. A quantidade e a qualidade da composição da nossa alimentação, assim como a biodisponibilidade dos nutrientes, determinam o funcionamento adequado do organismo em todos os níveis.
Os nutrientes agem em conjunto, sendo que, um depende da presença do outro para que a sua ação seja efetiva. Portanto, o que pode desequilibrar a alimentação são os excessos e/ou as carências nutricionais.
Como os nutrientes, em geral, agem em conjunto, a carência de qualquer nutriente essencial, mesmo aquele necessário em quantidades irrisórias, pode determinar a alteração do equilíbrio geral do organismo. É o que diz a “lei do mínimo”: o nutriente que está em menor quantidade, proporcionalmente, determina o desempenho total do organismo6.
Ingestão: O que, quando, como, quanto e com o que comer.
Avaliar a qualidade e a quantidade dos alimentos ingeridos, intervalo entre as refeições, a frequência de consumo, monotonias alimentares, combinações, preferências, aversões e ingestão hídrica, nos darão indicadores do equilíbrio nutricional (excessos e/ou carências de nutrientes). Permitirão, também, a avaliação da ingestão freqüente de substâncias químicas, agrotóxicos, nicotina, poluentes ambientais, metais pesados; excesso de cafeína, açúcar refinado, álcool, estresse oxidativo ( falta de matéria prima antioxidante e excesso de oxidantes); consumo freqüente de alergenos alimentares e facilitadores de endotoxinas (por ex. intestinais, como nitrosaminas). Todas estas substâncias poderão desencadear o aparecimento de mediadores como: eicosanóides, citocinas, histaminas (e outros autacóides), espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (EROs e ERNs), assim como desequilíbrios na formação e na ação de hormônios, neuropeptídeos e neurotransmissores, promovendo desequilíbrios orgânicos que podem se traduzir em condições clínicas patológicas.
Nas ultimas décadas, houve um aumento da oferta da variedade de alimentos, porém, com uma redução na qualidade nutricional destes, causadas por vários fatores cujos principais são:
-Empobrecimento da quantidade de nutrientes do solo;
-Forte presença de produtos químicos nas lavouras;
-Contaminação das águas, tanto para irrigação quanto para o consumo;
-Perda nutricional causada por armazenamento, transporte e manuseio impróprios;
-Perda de nutrientes e contaminação química causadas pela industrialização dos alimentos;
Em paralelo, nosso organismo sofreu modificações neste período, passando a exigir uma maior quantidade de nutrientes para lidar com os desequilíbrios gerados por situações como:
-Poluição ambiental;
-Estresse físico e emocional;
-Maior consumo de alimentos com fatores antinutricionais;
-Maior consumo de alimentos industrializados.
Atualmente, existem mais de 2000 substâncias químicas sendo utilizadas nos alimentos industrializados. Estas substâncias podem causar reações adversas no nosso organismo, principalmente se consumidas com freqüência.
Estes aditivos são classificados pelas seguintes funções: acidulantes, antioxidantes, antiumectantes, aromatizantes, conservantes, corantes, estabilizantes, espessantes, umectantes e uma grande utilização de Glutamato Monossódico para realçar o sabor dos alimentos.
Digestão:
Avaliar os fatores que podem interferir na quebra dos alimentos, como por exemplo: a mastigação; o meio ácido gástrico (diminuição da produção e/ou diluição do ácido clorídrico, ou utilização de medicamentos como omeprazol que inibe a produção de ácido clorídrico); produção e ação adequada das enzimas digestivas (salivares, gástricas, intestinais e pancreáticas) e do ácido bilear, bicarbonato; e estresse (aumento de liberação de adrenalina).
Sintomas como: flatulência, erutação, azia, queimação, sensação de “empachamento”, estufamento, “digestão parada”, dores e inchaços abdominais indicam uma má digestão dos alimentos. O entendimento dos fatores que estão causando este processo determinará o tratamento.
Absorção:
É necessário avaliar os fatores que poderão interferir na absorção dos nutrientes ingeridos, como por exemplo:
- Mastigação. A quebra e digestão dos alimentos começa na boca, e só haverá absorção adequada com mastigação adequada. A boa mastigação estimula a continuidade da digestão no estômago (que não tem “dentes”), pois os alimentos chegam mais fracionados e facilitam a ação das enzimas gástricas.
- A ingestão de líquidos com a refeição e na primeira hora após a mesma, além de “empurrar” o alimento, causa uma diluição do meio ácido gástrico necessário para a ação das enzimas digestivas, absorção dos nutrientes e destruição de bactérias nocivas ao nosso organismo.
- Comer rápido, estressado ou nervoso, por exemplo, aumenta a liberação de adrenalina que prepara o organismo para “lutar ou fugir”, desviando o sangue para as extremidades do corpo e inibindo a digestão e conseqüentemente a absorção dos nutrientes.
- A ingestão de drogas que interferem na absorção dos nutrientes e/ou aumentam sua excreção.
- A presença de fungos e parasitas pode causar inflamações e infecções intestinais que geram transtornos de absorção1.
- O equilíbrio entre as boas e más bactérias do sistema digestório, que evita a disbiose intestinal, é necessário para a saúde orgânica funcional. A boa flora intestinal é importante para: aumentar a absorção dos nutrientes; ativar o sistema imunológico; combater as más bactérias (por competição e por produção de antibióticos naturais); manter integridade da parede intestinal; produzir vitaminas como vit K, vit B12, vit B5, Vit B6, ácido fólico e biotina; produzir ácidos graxos de cadeia curta; melhorar o processo digestivo; combater a Helicobacter pylori; promover uma ação anti-cancerígena; regular o colesterol e auxíliar o tratamento de alergias alimentares.
- A manutenção da integridade da parede intestinal é fundamental para a seleção natural dos nutrientes que serão absorvidos, e para a inibição da absorção de macromoléculas estranhas ao organismo. Esta integridade da mucosa intestinal é necessária também para a produção de várias substâncias, feita pelos enterócitos, como: enzimas digestivas, hormônios e vários neurotransmissores, inclusive serotonina, que conferem ao intestino a condição de “segundo cérebro”. O intestino é o único órgão que contém um sistema nervoso capaz de medir reflexos na total ausência de informações do cérebro ou da medula espinhal. O número de neurônios neste sistema entérico é de cerca de 100 milhões, quase o mesmo que em toda medula espinhal.
A integridade funcional do intestino também é fundamental para o sistema imunólogico, pois componentes da mucosa intestinal como IgA secretora, tecido linfóide intestinal (GALT) e células efetoras como macrófagos, mastócitos e linfócitos (¼ das células do intestino)5 atuarão intensamente no combate às substâncias estranhas ao organismo, inclusive alimentos mal digeridos. O intestino é um dos principais órgãos que atuam na detoxificação do organismo3. É também o sistema que mais está exposto ao meio ambiente (250m2)4 e, portanto, é mais sensível às substâncias agressivas, além de ser dotado de uma enorme capacidade de selecionar os nutrientes necessários ao funcionamento do organismo e impedir a absorção dos seus agressores. Daí a importância da integridade fisiológica e funcional deste sistema.
Portanto, sem saúde intestinal não existe equilíbrio funcional.
Transporte
A carência proteica (comum em vegetarianos restritos ou em algumas cirurgias da obesidade) pode facilitar a diminuição de proteínas transportadoras e, mesmo se houver uma ingestão adequada de vitaminas e minerais, estas não serão transportadas até a célula.
Utilização
É muito comum pensarmos em carência de cálcio quando se trata de osteoporose. Porém, muitas vezes, o que realmente ocorre é uma falta de utilização do mesmo, gerada pela carência dos nutrientes que agem em conjunto com o cálcio e são necessários para a fixação do mesmo no osso. Apesar de haver uma quantidade suficiente de cálcio, e as vezes até em excesso, ele não consegue ser utilizado pelo osso e ainda pode ser acumulado em tecidos moles ou até mesmo formar cálculos. Portanto, através da avaliação de hábitos alimentares e de todos os fatores já comentados teremos maior probabilidade de tratarmos as causas do problema e, no caso do exemplo acima, evitar que o paciente seja tratado apenas com uma suplementação de cálcio e vitamina D, que mais prejudicam do que resolvem o processo.
Excreção
Os produtos resultantes do metabolismo, que não serão utilizados pelo organismo e/ou qualquer substância que possa causar danos orgânicos (xenobióticos), sejam elas originadas externamente ou internamente, precisam ser excretados. Além da avaliação de uma excreção adequada via urinária, fecal, trato respiratório e pele, também é determinante a integridade dos órgãos de detoxificação, principalmente, do fígado e do intestino.
A detoxificação é o processo biológico pelo qual o organismo transforma xenobióticos, originários de fontes externas ou internas, em substâncias que possam ser excretadas. Embora a detoxificação possa ser feita em todos os tecidos e órgãos, o principal deles é o fígado2, seguido pelo intestino.
Existem vários nutrientes que dão suporte à detoxificação. Quanto mais substâncias estranhas ao organismo forem absorvidas, e quanto menos houver suporte nutricional adequado, maiores as possibilidades de intoxicação orgânica e conseqüentes desequilíbrios funcionais.
Interferência de fatores externos na saúde orgânica
O meio no qual o indivíduo vive, a poluição ambiental, o estresse (físico, mental e emocional), o tipo de trabalho exercido por ele, a exposição regular à metais tóxicos (chumbo, mercúrio e cádmio por exemplo), entre outros fatores, precisam ser analisados, pois irão interagir com o organismo e influenciar o seu funcionamento. A individualidade bioquímica faz com que as reações orgânicas, diante dos mesmos fatores, sejam diferentes de uma pessoa para a outra e até para a mesma pessoa em momentos diferentes.
Saúde como vitalidade positiva e não simplesmente como ausência de doenças: Equilíbrio Físico, Mental e Emocional
A análise de sinais e sintomas físicos (intestino preso/diarréia, azia, dor de cabeça, cansaço, dores musculares, queda de cabelo, língua branca, aftas, infecções recorrentes etc), mentais (falta de concentração, de memória, hiperatividade mental etc) e emocionais (ansiedade, depressão, irritabilidade etc), aliada a todos os outros fatores analisados nos permitirão entender melhor as causas e as interrelações entre as mesmas. A partir desta avaliação, conscientizar o paciente e orientá-lo de maneira efetiva para uma mudança no processo que determinará os resultados, tratando os problemas já existentes, promovendo a saúde integral e previnindo doenças, otimizando o seu potencial genético.
Nut. Denise Carreiro
Referência Bibliográfica
1- BAKER, S.M. Detoxification and Healing: The Key to Optimal Health. New Canaan: Keats Publishing, 1997.
2- BLAND, Jeffrey. S. Genetic Nutritioneering. Illinois: Keats Publishing, 1999.
3- HAAS, E. M. The Detox Diet: A How-to & When-to Guide for Cleansing the Body. Berkeley: Celestial Arts, 1996.
4- GUYTON, A.C., HALL, J.E. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças.Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A, 1997.
5- Matricardi PM. Infections preventing atopy: facts and new questions. Allergy 1997;52:879-882.
6- WILLIAMS, Roger John. Biochemical Individuality: The Basis for the Genetotrophic Concept.
New Canaan: Keats Publishing, 1998. Previously published: 1956
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